Ópera de Paris consagra primeiro bailarino negro em mais de três séculos de existência
A Ópera de Paris nomeou Guillaume Diop como estrela neste sábado (11), após uma apresentação de "Giselle" em Seul, consagrando a extraordinária carreira desse prodígio de 23 anos, um dos raros dançarinos negros ou mestiços da instituição.
Sua nomeação como estrela foi anunciada no palco do LG Arts Center, em Seul, na Coreia do Sul, onde o bailarino, ovacionado, acabava de interpretar o papel de Albrecht pela segunda vez no balé romântico de Jean Coralli e Jules Perrot, com primeira bailarina Dorothée Gilbert como parceira.
Tendo se tornado a jovem esperança da companhia por mais de um ano, Guillaume Diop é um dos cinco autores do manifesto “Da questão racial à ópera”, escrito em 2020 na esteira do movimento #BlackLivesMatter, que visava trazer esta questão "para fora do silêncio que a envolve".
Fato raro, ele foi promovido a "sujeito" no final da competição de novembro de 2022 e alcançou o título de estrela sem antes passar pelo título de "primeiro dançarino", como um punhado de antecessores, incluindo Laurent Hilaire, em 1985, Manuel Legris, em 1986 e Mathieu Ganio, em 2004.
Diversas nomeações
Sua nomeação ocorre pouco mais de uma semana depois da neozelandesa Hannah O'Neill e do francês Marc Moreau, após uma apresentação de "Ballet Impérial", de George Balanchine, em Paris.
Foi anunciada por delegação de Alexander Neef, diretor-geral da Ópera de Paris, ausente em Seul, por proposta do diretor de dança, o espanhol José Martinez, nomeado em 2022 para substituir Aurélie Dupont.
“Fiz estas três nomeações em muito pouco tempo para enviar uma mensagem aos bailarinos, jovens e velhos, grandes ou pequenos” e “para os fazer compreender a importância de estar na profissão”, explicou ao jornal Le Figaro José Martinez.
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