10 coisas que aprendemos com o maior estudo do mundo sobre a bondade
Embora o mundo possa nĂŁo parecer um lugar muito benevolente, este pode ser justamente um momento de grande importĂąncia para atos de bondade.
Em agosto de 2021, a BBC Radio 4 lançou o The Kindness Test ("Teste da Bondade", em tradução livre), um estudo online criado por uma equipe da Universidade de Sussex, no Reino Unido, liderada pelo psicólogo Robin Banerjee.
As pessoas podiam escolher participar e, como mais de 60 mil colaboraram, passou a ser o maior estudo aprofundado do mundo sobre bondade.
A seguir, 10 coisas que aprendemos sobre o tema:
1. Atos benevolentes sĂŁo muito comuns
TrĂȘs quartos das pessoas nos disseram que recebiam gestos de gentileza ou bondade de amigos prĂłximos ou familiares com bastante frequĂȘncia ou quase o tempo todo.
E quando perguntamos sobre a Ășltima vez que alguĂ©m foi amĂĄvel com elas, 16% responderam que havia sido na Ășltima hora, e outras 43% disseram que foi no dia anterior.
Qualquer que fosse a idade das pessoas ou onde quer que vivessem, a bondade era muito comum.
2. O ato de bondade mais comum Ă© ajudar as pessoas quando elas pedem
VocĂȘ nĂŁo precisa escalar o Everest por caridade ou salvar alguĂ©m de um prĂ©dio em chamas (por mais maravilhosos que estes atos sejam) para praticar a bondade no dia a dia e fazer a diferença na vida das pessoas.
Nosso estudo mostra que a maioria dos gestos de bondade sĂŁo cotidianos.
Ajudar as pessoas quando elas pediam foi o gesto de bondade mais relatado. Em seguida, veio fazer favores a amigos, abrir a porta para deixar as pessoas passarem, ajudar estranhos a pegar coisas que haviam deixado cair â e ter sentimentos de preocupação por pessoas menos afortunadas do que elas.
3. Dois terços acham que a pandemia nos deixou mais gentis
As pessoas que participaram do The Kindness Test sentiram que, no que se refere ao que viveram atĂ© agora, os nĂveis de bondade permaneceram os mesmos (39%) ou diminuĂram (36%).
No entanto, a experiĂȘncia durante a pandemia de covid-19 parece muito diferente, com dois terços das pessoas dizendo que este perĂodo sem precedentes tornou as pessoas mais gentis.
Talvez por ter sido um perĂodo tĂŁo difĂcil, as pessoas dedicaram mais tempo para cuidar umas das outras e perceberam que pequenas gentilezas podem fazer muita diferença.
4. Existe uma relação entre bondade e bem-estar
Provavelmente nĂŁo vai ser surpresa saber que as pessoas que recebem regularmente vĂĄrios atos de bondade apresentam nĂveis mais altos de bem-estar.
Mas o estudo tambĂ©m descobriu que quem realiza mais atos de bondade ou apenas percebe que outras pessoas estĂŁo realizando atos de bondade tambĂ©m apresenta nĂveis mais altos de bem-estar, em mĂ©dia.
Este resultado estĂĄ em sintonia com vĂĄrias pesquisas anteriores que mostram que agir de forma amĂĄvel nos faz sentir bem.
5. Extrovertidos fazem e recebem mais gestos benevolentes
A personalidade teve um grande impacto na frequĂȘncia com que os participantes diziam ser amĂĄveis com os outros, mas tambĂ©m em como as pessoas eram bondosas com elas.
Uma escala de personalidade foi incluĂda no The Kindness Test, e as pessoas mais bondosas eram mais propensas a pontuar alto em extroversĂŁo, e tambĂ©m em agradabilidade e abertura.
As pessoas com pontuação alta em abertura sĂŁo imaginativas e curiosas, e gostam de ter experiĂȘncias novas.
Claro que estamos falando de mĂ©dias, entĂŁo vocĂȘ pode ficar na sua e nĂŁo gostar de experiĂȘncias novas, mas ainda assim ser muito bondoso.
6. As pessoas veem mais atos de bondade em casa do que em qualquer outro lugar
Quando perguntamos às pessoas onde os gestos de consideração e amabilidade ocorrem, a casa ficou em primeiro lugar, seguida por ambientes médicos, local de trabalho, espaços verdes e lojas.
Os lugares em que as pessoas viram menos atos de gentileza foram online, no transporte pĂșblico e na rua.
A boa notĂcia Ă© que as pessoas geralmente concordavam que a gentileza era valorizada no trabalho, especialmente no serviço social, na ĂĄrea de saĂșde, hospitalidade e educação.
7. As mulheres realizam atos bondosos um pouco mais em média, assim como as pessoas religiosas
Ă claro que temos que confiar em autorrelatos neste estudo, entĂŁo existe a possibilidade de que mulheres e pessoas religiosas sintam que devem dizer que sĂŁo bondosas para ficarem bem.
Mas muitas pessoas estĂŁo preparadas para admitir que nĂŁo sĂŁo muito benevolentes, por exemplo, e estudos anteriores mostraram que somos muito bons em julgar nossos prĂłprios nĂveis de bondade.
EntĂŁo, estou inclinada a acreditar na palavra das pessoas.
8. Nos preocupamos que nossos gestos de gentileza sejam mal interpretados
As pessoas foram questionadas sobre o que poderia impedi-las de serem amåveis, e a principal razão que elas deram foi que temiam que suas açÔes pudessem ser mal interpretadas.
Os participantes também afirmaram que não tinham tempo suficiente para serem tão gentis quanto gostariam, e metade disse que as redes sociais desempenhavam um papel em impedi-los de serem mais gentil.
9. Pessoas que conversam com estranhos veem e recebem mais gentileza
O interessante aqui é que esta diferença entre quem fala e quem não fala com estranhos persistiu mesmo quando a personalidade foi levada em conta.
Portanto, nĂŁo Ă© sĂł que os extrovertidos sejam mais propensos a ser gentis e, por serem extrovertidos, sĂŁo mais propensos a conversar com estranhos.
Qualquer que seja a sua personalidade, quanto mais vocĂȘ fala com estranhos, entĂŁo, em mĂ©dia, mais gentileza vocĂȘ recebe, mas tambĂ©m mais gentileza vocĂȘ percebe acontecendo ao seu redor.
10. A renda faz pouca diferença em quão benevolente as pessoas são
Quanto dinheiro as pessoas ganham não tem correlação com os relatos gerais de bondade.
Mas também pedimos aos participantes que imaginassem que haviam recebido do nada 850 libras (cerca de R$ 5,3 mil) e perguntamos quanto deste dinheiro que caiu do céu poderiam doar.
Enquanto alguns foram honestos o suficiente para dizer que doariam nada, a quantia média que as pessoas afirmaram que doariam foi de 252 libras (pouco mais de R$ 1,5 mil).
As pessoas com renda mais baixa tendiam a dizer que doariam quantias menores, em média, o que faz sentido porque são as que menos poderiam se dar ao luxo disso, mas curiosamente os participantes com renda mais alta também doavam menos.
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