'Acabei sacando muita obsessão nisso tudo', disse vítima que denunciou homem por 'stalking'

Foram necessários quatro encontros para uma mulher de 38 anos passar a receber ameaças do empresário Bruno César Roxo Ferreira, de 36, segundo ela relatou na delegacia ao denunciá-lo pela prática conhecida como "stalking". Os dois saíram juntos num período de duas semanas, em janeiro deste ano, após se conhecerem num aplicativo de relacionamento. Depois dos encontros pessoalmente, quando a mulher passou a não demonstrar interesse em namorá-lo e ao perceber a "obsessão" de Bruno com ela, as agressões tiveram início através de mensagens.

Em um vídeo enviado para o programa "Encontro", da TV Globo, a vítima, que não revelou a identidade, contou como as ameaças e a perseguição tiveram início:

"Eu conheci o Bruno num site de relacionamentos, onde logo nos afeiçoamos pela conversa. E daí tivemos num total de quatro encontros. Encontros que não geraram nenhum tipo de relacionamento que tivesse a ver com namoro, ou beijo. O primeiro foi um almoço no meu bairro, onde conversamos. Eu achei ele, a princípio, uma pessoa muito legal. Ele me chamou pela segunda vez para um jantar. Ele havia falado que tinha uma coisa muito importante pra falar pra mim, queria me pedir em namoro. E eu, infelizmente, falei que não podia namorar porque não estava afim de namorar. Não era momento pra isso, eu estava focando em outras coisas. E ele ficou insistindo", contou a vítima.

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Ela continua o relato, e conta que eles mantiveram o contato por meio de troca de mensagens. Bruno continuava insistindo que eles se encontrassem novamente e que firmassem um namoro. A mulher conta que, à medida que negava os convites e pedidos, ele tentava controlá-la mais.

"A gente continuou conversando pelo telefone. Os dias foram passando, a obsessão aumentando, ele achando que era meu namorado e eu falando pra ele que não, que não era assim", disse a vítima, que continuou o relato. "Ele quis alugar uma casa para levar a filha dele, a mãe dele, eu e a minha filha para Angra, mas eu acabei sacando muita obsessão nisso tudo, muita loucura, querendo me dar tudo assim sem nem ter me beijado. E aí quando ele percebeu que eu não ia para Angra, e que eu não teria nada com ele, começou a fazer ameaças para mim", disse no vídeo enviado.

As ameaças eram feitas através das redes sociais, onde também tentava extorquí-la. Ele exigia que o dinheiro que gastou nos encontros fosse devolvido a ele uma vez que não iniciaram um relacionamento. Em uma das mensagens enviadas, Bruno escreveu: “Burra, idiota, se eu te pegar te mato. Você me fez passar vergonha”. Em outra disse: “Estou gastando dinheiro e você me fazendo de otário, nem beijos, nem fez amor”.

Uma outra mulher também procurou a polícia para denunciar o empresário, que adotou postura semelhante após o relacionamento de seis meses chegar ao fim.

O delegado Neílson dos Santos Nogueira, titular da 42ª DP, que está à frente do caso, destaca que investigações estão em andamento sobre ofensas e ameaças também a outras mulheres.

"Ele está sendo investigado pela prática dos crimes de perseguição, que também é conhecido como stalking, e pelo crime de extorsão, tendo em vista que ele vinha exigindo pagamento de uma vantagem econômica indevida através de ameaças que ele vinha fazendo contra essa vítima. De modo que a soma das penas pode atingir o patamar de 13 anos de reclusão", disse o delegado em entrevista ao "Encontro".

O empresário Bruno César foi preso na última terça-feira em um flat na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, onde estava morando.

"Caso seja conferida a ele a oportunidade de responder ao processo em liberdade, muito provavelmente serão deferidas medidas protetivas para salvaguardar a integridade física e psicológica da vítima", afirmou o delegado.