Anderson Torres pede e dará novo depoimento à PF na segunda-feira (23)
É esperado que o ex-ministro de Bolsonaro quebre o silêncio e apresente sua versão
Anderson Torres deverá prestar novo depoimento à PF (Polícia Federal) na segunda-feira (23). O pedido partiu da defesa do ex-ministro e ex-secretário do Distrito Federal menos de 24 horas depois de ficar calado durante uma oitiva na PF na quarta-feira (18).
A intenção de depor, segundo publicou com exclusividade o portal UOL, ainda precisa ser avaliada e aprovada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
É esperado que o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), de acordo com a jornalista Juliana Dalpiva, do UOL, quebre o silêncio e apresente sua versão sobre as acusações contra ele na investigação dos atos golpistas no dia 8 de janeiro.
Outra possibilidade para coleta de informações seria o celular do ex-ministro. Contudo, Torres não entregou o aparelho. A alternativa da PF, agora, é recorrer à recuperação de dados via armazenamento em nuvem.
Omissão em invasão bolsonarista
Torres é acusado de omissão nos atos de invasão dos Três Poderes, depredados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também agrediram policiais e jornalistas.
Durante o episódio, Anderson estava de férias em Orlando, nos Estados Unidos, e teria negligenciado a segurança na capital federal mesmo diante dos avisos dos manifestantes golpistas.
Exonerado do cargo
Logo depois do ocorrido, o secretário foi exonerado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), que também acabou afastado do cargo, por pelo menos 90 dias, após decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Anderson foi detido assim que retornou ao Brasil, no último sábado. Ele passou por audiência de custódia virtual, e a Justiça determinou que ele seguisse preso.
Ex-secretário se sente "abandonado" por Bolsonaro
O ex-ministro teria sinalizado a pessoas próximas que se sentiu "abandonado" por Bolsonaro desde sua prisão e se mostrou decepcionado com o tratamento dado ao seu caso pelo ex-presidente.
A prisão de Anderson teria ligado um alerta entre os bolsonaristas para uma possível delação premiada. A cúpula do antigo governo já se mostrou preocupada com o que ele pode dizer.
À coluna Radar, da revista Veja, uma pessoa próxima ao ex-ministro indicou que Torres pode mesmo "derrubar" outros ex-integrantes do governo.
Segundo esta fonte, o ex-ministro fez favores para gente importante em Brasília e guardou informações relevantes sobre diversas figuras do poder. "Se (ele) for abandonado, não cairá sozinho", afirmou.
No entanto, o advogado do próprio Anderson, Rodrigo Roca, havia descartado mais cedo a possibilidade de uma delação premiada. "Não há o que ser delatado", disse à CNN Brasil.
O que aconteceu com Torres?
Ex-ministro teve prisão decretada na terça-feira (10);
Ele é acusado de omissão e conivência que teriam facilitado os atos terroristas de 8 de janeiro;
Na quinta-feira (12), a PF fez buscas na residência de Torres e encontrou uma minuta golpista;
No dia 14, ele desembarcou em Brasília e foi preso pela PF;
Pouco depois, passou por audiência de custódia;
Desde então, permanece detido no 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM) no Guará 2. Ele deve prestar depoimento ainda nesta semana.
Além de ser preso e chegar a pegar até 91 anos de detenção, Torres também corre o risco de ser expulso da Polícia Federal, onde atua desde 2003 - ou seja, há 20 anos. Ele é delegado de carreira.
Segundo delegados ouvidos pelo Metrópoles, a cúpula da corporação já fala na expulsão do ex-ministro. A avaliação é que, após o avanço das investigações, Torres será alvo de um processo administrativo interno que culminará com sua exoneração definitiva da PF.
Como se organizaram os atos terroristas em Brasília? A linha do tempo interativa abaixo te mostra, clique e explore:
Obras de arte foram destruídas, itens roubados e o prejuízo ainda é calculado pelas autoridades. Veja a lista completa de obras destruídas nos ataques. Até o fim da segunda (10), pelo 1.500 envolvidos no episódio já haviam sido presos.