Ao STF, Torres diz que "jamais questionou o resultado das eleições"
Ex-secretário apontou que não faz parte da "guerra ideológica" que se criou no Brasil
(REUTERS/Adriano Machado)
O ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que “jamais questionou o resultado das eleições” e que não faz parte da “guerra ideológica” que se criou no Brasil.
As declarações foram registradas em 14 de janeiro, em ata da audiência de custódia a qual Torres foi submetido depois de ser preso pela Polícia Federal (PF). O mandado de prisão partiu do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O motivo está relacionado aos atos golpistas de 8 de janeiro, que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes. Na ocasião, Torres não estava no Brasil; ele atuava como secretário da Segurança Pública do Distrito Federal, posteriormente exonerado, e era responsável pela Polícia Militar, que não conteve as invasões.
"O Ministério de Justiça e Segurança Pública foi o primeiro ministério a entregar os relatórios da transição. Eu jamais questionei resultado de eleição, não tem uma manifestação minha nesse sentido, eu fui o primeiro ministro a entregar os relatórios", afirmou.
Em 12 de janeiro, a polícia encontrou na casa de Torres uma minuta que previa a decretação de estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), de forma a permitir que Jair Bolsonaro (PT) revertesse o resultado das eleições que deram vitória a Lula (PT).
Torres afirma que a proposta foi enviada por um cidadão comum e que seria destruída, mas as investigações continuam.
“Guerra ideológica”. O ex-ministro de Bolsonaro também destacou ter um perfil técnico e profissional e disse que não tem nada a ver com o cenário de “confusão” no Brasil.
"Essa guerra que se criou no país, essa confusão entre os Poderes, essa guerra ideológica, eu não pertenço a isso, eu sou um cidadão equilibrado e essa conta eu não devo", defendeu.
Ao STF, Torres também disse ter:
Recebido a notícia de que seria preso como “um tiro de canhão no peito”;
Sido responsabilizado pelos atos de 8 de janeiro sendo que “jamais daria condições de isso acontecer”;
Deixado um plano estratégico assinado para garantir a segurança da Esplanada antes de viajar, cujas instruções falharam.
Ido à casa de ministros do STF para tentar buscar o equilíbrio. “Eu não estou mentido, eu não sou maluco”, alertou.
Torres ainda lamentou, durante o depoimento, o fato de ser ministro pouco tempo atrás e agora estar preso. Ele afirma que foi difícil retornar ao país.
“Foi um suplício chegar no Brasil sem problemas, escondido, escondendo a cabeça, foi um negócio horroroso, que nem em pesadelo", concluiu.