Após seis dias de buscas, famílias de desaparecidos em São Sebastião sofrem sem informações
Após seis dias de busca, angustia persiste para a família da decoradora de festas Maria Kamilla Setubal — que viajou para aproveitar o Carnaval em uma casa de aluguel de temporada na Vila Sahy. No mesmo imóvel, estava seu marido, Josenir dos Santos, de 42 anos, e três filhos: Alice Manuelly, de 5 anos Pedro Henrik de 11 anos e Ana Heloysa de 13 anos. Nenhum deles estabelece contato com a família desde sábado, dia 17, à noite. Na casa, o grupo estava acompanhado de outra família de turistas, cujo outro paradeiro é desconhecido. Ao longo da semana, os parentes de Kamila procuraram redes sociais e a imprensa para relatar o desespero de não ter notícia.
Em troca de mensagens com o GLOBO, a prima de Kamilla, Mariane da Silva Cardoso, de 20 anos, relatou o calvário vivido pelas irmãs da decoradora para conseguir alguma informação. Em grupos de Facebook, chegaram a dizer que as duas meninas tinham sido encaminhadas pelo hospital em São Paulo, o que não foi confirmado pela secretaria de saúde — e nem pelos parentes que fizeram ronda em instituições de saúde da capital paulista.
Ainda no fim da tarde desta sexta, as meninas estavam desaparecidas como pai e mãe. Em São Sebastião, os parentes de Kamilla bateram ponto no Instituto Médico Legal, centros de saúde ONGs e abrigos em busca de informação, mas sem sucesso. Nas redes, tentavam insistentemente contato de voluntários, assim como no WhatsApp da prefeitura, onde só receberam mensagens generalistas.
Em situação semelhante está Sandra Alves, de 23 anos, que procura pelo pai Eliseu Alves Pedro, de 58 anos, que era caseiro na praia da Baleia Verde, em São Sebastião. Pai e filha estavam sob uma relação distanciada nos últimos três anos e haviam se reconectado recentemente. A última conversa ocorreu na sexta-feira antes da enxurrada.
— A barreira caiu por cima da casa onde ele morava, era um barraco. Antes da chuva, ele chegou a dizer para vizinhos que talvez fosse para Ilhabela ou Maresias naquela noite, mas não sabem dizer se ele realmente foi ou não — afirma Sandra, que recebeu muito apoio de populares para encontrar o pai. Inclusive para oferecer transporte entre Caraguatatuba, uma cidade vizinha e São Sebastião. Quando atendeu a reportagem ao telefone, ela estava a caminho da delegacia para registrar o boletim de ocorrência de desaparecimento de Eliseu. — No meu coração de filha ele segue vivo, tenho certeza que está em algum lugar sem conseguir contato.
A Defesa Civil informou que o número de desaparecidos diminuiu sensivelmente desde o começo da semana, quando eram estimados 38 desaparecidos. Na última sexta, a estimativa era de treze desaparecidos. A justificativa do orgão é que, sem conexão de telefone e internet entre as pessoas da cidade, muitas pessoas inicialmente consideradas desaparecidas estavam em abrigos e não conseguiam contatar parentes — o que foi progressivamente debelado.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que “as famílias de pessoas desaparecidas podem acionar o Corpo de Bombeiros por meio do 193 e também comunicar a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, pelo Disk 100. As informações são repassadas aos bombeiros para auxiliar nas buscas.”