Apesar do sonho do bi frustrado, nada de baixo astral na quadra da Viradouro

RIO — Minutos apĂłs o anĂșncio da vitĂłria da Grande Rio na carnaval 2022, quando sequer se sabia a colocação final da Viradouro na disputa, o som da transmissĂŁo da apuração das notas foi desligado na quadra da escola, e as atençÔes se voltaram para o barulho crescente dos surdos, as caixas e os tamborins. A esperança do bicampeonato, alimentada pela bela passagem da agremiação pela SapucaĂ­ no sĂĄbado, foi frustrada: a escola terminou em terceiro lugar. Mas a reação da comunidade pareceu fazer jus ao enredo deste ano ("NĂŁo hĂĄ tristeza que possa suportar tanta alegria").

Apesar do sonho interrompido, o clima foi de festa regada a cerveja. Sem arredar o pĂ©, os membros da comunidade receberam o resultado ao som da bateria do mestre Ciça, que tocou o samba-enredo da Viradouro. A emoção na quadra foi canalizada no catĂĄrtico verso "Carnaval, te amo! Na vida Ă©s tudo pra mim", entoado em unĂ­ssono. Acima de tudo, restou o orgulho pelo trabalho bonito da vermelho e branco nos Ășltimos dois carnavais.

— O que eu sinto depois desse resultado Ă© orgulho. Ficar entre as campeĂŁs jĂĄ Ă© de grande tamanho, ainda mais diante de um desfile tĂŁo bonito da Grande Rio — disse o foliĂŁo Bruno da Silva, de 26 anos.

Durante a apuração, a quadra festejou cada nota dez para a Viradouro e cada décimo perdido pelas concorrentes diretas, sobretudo a Beija-Flor, com a qual a agremiação de Niterói disputou o vice-campeonato acirradamente. O momento de maior vibração foi quando, após o quesito "Alegorias e adereços", a Beija-Flor caiu para a terceira colocação, deixando a segunda para a Viradouro. A escola de Nilópolis, contudo, recuperou seu desempenho nos quesitos seguintes.

Neste ano, a Viradouro traçou um paralelo entre a Covid-19 e a gripe espanhola, revivendo o carnaval de 1919, o primeiro após a pandemia de Influenza, com um samba em forma de carta.

— O lirismo tomou conta da gente — disse Aline Moraes, de 36 anos, após a apuração. — Independentemente da posição, a Viradouro subiu, e agora não vai sair das cabeças.

Ela desfilou na primeira ala da escola junto com sua amiga, Jaiane Santos, de 26 anos. As duas também levaram suas filhas para a Sapucaí. Alice Luiza, filha de Aline, e Maria Clara, filha de Jaiane, ambas com 10 anos, desfilaram com a Velha Guarda da agremiação.

— O importante Ă© estar na quadra. Estamos em estado de graça — disse Jaiane.

A Viradouro foi campeĂŁ do Ășltimo carnaval antes da pandemia, em 2020, com o enredo "Viradouro de alma lavada", que tratou das Ganhadeiras de ItaupĂŁ, grupo de lavadeiras da Lagoa do AbaetĂ©. O tĂ­tulo encerrou um jejum de 23 anos.

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