Aplicativo falso de 'leilão de muçulmanas' revela alto grau da islamofobia e misoginia na Índia
A Índia foi abalada esta semana por uma escandalosa campanha islamofóbica na internet: criminosos criaram um aplicativo no qual postavam fotos de mulheres muçulmanas famosas para, segundo eles, leiloá-las. A polícia prendeu os primeiros suspeitos, mas não foi a primeira vez que este tipo de situação acontece nada Índia, reflexo do vertiginoso crescimento da islamofobia no país. O aplicativo oferecia em leilão mulheres muçulmanas famosas como advogadas, ativistas, jornalistas e pilotos de avião.
Sébastien Farcis, correspondente da RFI em Nova Délhi
O aplicativo Bulli Bai apresentava fotos, às vezes editadas e em posições degradantes, de cerca de 100 mulheres muçulmanas, oferecendo-se para leiloá-las. Nenhuma transação ocorreu antes da aplicação ser retirada da internet. A ferramenta tinha como objetivo principal humilhar mulheres muçulmanas famosas e independentes: os perfis incluíam ativistas, advogadas, uma piloto de avião, assim como muitas jornalistas.
O jornalista de rádio Sayema Rahman foi uma das profissionais de imprensa. “Fomos alvo porque somos mulheres, somos muçulmanas, temos um espírito livre e temos sucesso na vida”, disse ela. Falamos pelos oprimidos, tentamos combater as injustiças e esta é uma campanha organizada para nos silenciar."
Impunidade
E não é a primeira vez que isso acontece. De fato, em julho passado, quase o mesmo sistema foi usado contra 80 outras mulheres, com um aplicativo chamado Sulli Deals.
Enquanto aguardam o julgamento, outra luta tem início na Índia: trata-se do comabte que as mulheres agredidas, "vendidas" em leilão pelo falso aplicativo, lideram atualmente, com suas equipes de trabalho, para manterem a cabeça erguida.
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