Ato de Lula em Recife em apoio a Danilo Cabral teve vaias ao PSB e coro a favor de Marília Arraes; veja vídeo
Em ato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Recife, nesta quinta-feira, o senador Humberto Costa (PT) e o prefeito de Recife, João Campos (PSB), foram vaiados ao defenderem o pré-candidato ao governo de Pernambuco, Danilo Cabral (PSB).
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As vaias foram feitas por apoiadores da deputada federal e pré-candidata do Solidariedade ao governo do estado, Marília Arraes, que lidera as pesquisas de intenção de voto. O desempenho de Arraes, ex-petista, tem ameaçado a hegemonia de 16 anos dos pessebistas em Pernambuco.
O senador Humberto Costa foi o primeiro a ser alvo do público pró-Marília. Ao defender a candidatura de Cabral e a unidade com Lula, o senador enfrentou as vaias e conseguiu mobilizar a militância do PSB. O senador precisou levantar a voz para continuar seu discurso enquanto andava pelo palco. Em determinado momento, se voltou para Lula e disse que o ex-presidente poderia ficar tranquilo porque ele não tem medo de vaia:
— Eu não tenho medo de vaia. Quem tiver que vaiar, vá vaiar Bolsonaro e não os políticos que estão aqui — disse, para completar: — Nós temos botar o secundário de lado e defender o Brasil, o povo pobre, a liberdade e a democracia. É por isso, presidente, que aqui em Pernambuco eu não tenho medo de dizer, nós formamos uma aliança política com o PSB para garantir a sua vitória, no estado e no Brasil. Eu poderia ter mantido meu projeto, mas nós estamos vivendo um desafio, derrotar o facismo. Não podemos permitir que o projeto individual seja maior do que o projeto político e coletivo. Isso que faz nossa unidade — defendeu.
O prefeito de Recife também foi um dos vaiados. Campos entrou no palco durante uma brecha dos gritos, mas logo que começou seu discurso os apoiadores de Marília Arraes voltaram a gritar pelo nome da pré-candidata.
— Eu gostaria de fazer uma saudação muito especial a aqueles que têm divergência da nossa caminhada e do nosso projeto. Estamos em uma democracia, como o presidente Lula disse, parafraseando Paulo Freire, agora é hora de juntar os divergentes para combater os antagônicos. Temos que entender que os nossos reais adversários estão do lado daqueles que estão promovendo a fome — disse.
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Quando Cabral levanta para fazer sua explanação, entra ao palco já com gritos divididos entre seu nome e de Marília. Em determinado momento, seus companheiros que também estão no palco levantam e fazem movimentos para que o público se acalme. O pré-candidato do PSB comenta que manifestações por Marília e vaias fazem parte da liberdade de expressão de todos.
— Eu cumprimento esse público que está aqui. Inclusive a todos os companheiros que estão aí, nesse momento, participando dessa atividade, mas não concordam com a nossa posição neste momento. Cumprimento a todos — diz, antes de ser interrompido pelo público.
Deputado federal por três mandatos, Cabral disputa sua primeira eleição majoritária e é pouco conhecido no estado. Ele pretende se tornar mais competitivo ao ser apresentado pelo próprio ex-presidente como o candidato do Lula.
Em diversos momentos, o público pediu em coro o nome de Marília, o que fez o presidente estadual do PT, o deputado estadual Doriel Barros, a trocar o nome da pré-candidata petista ao senado, Teresa Leitão(PT), pelo da ex-petista.
— Estamos reunindo todos, para fazer a luta do campo, a luta da cidade, para que a gente possa dar uma grande vitória a Lula, a Danilo e a Marília, a nossa senadora.
Marília deixou o PT em março deste ano após ser preterida na disputa para o governo do estado em nome da aliança nacional com o PSB. Apesar disso, continua defendendo a pré-candidatura de Lula à Presidência. Na semana passada, a deputada posou para fotos ao lado do ex-presidente e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), em Brasília. Nas redes sociais, grava vídeos falando do seu alinhamento com Lula e faz provocações a Cabral.
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Para não criar embaraços com a aliança entre PT e PSB, a pré-candidata foi preterida das agendas de Lula em Pernambuco.
No evento, Lula oficializou seu apoio a Cabral. Este foi o segundo e último dia do pré-candidado a presidência do PT no estado nordestino.