Governo dos EUA se volta contra racismo a asiáticos após massacre em Atlanta
Governo dos EUA se volta contra racismo a asiáticos após massacre em Atlanta
Policial faz guarda de spa onde três pessoas foram mortas em um tiroteio em 16 de março de 2021 em Atlanta, GeórgiaO governo dos Estados Unidos expressou nesta sexta-feira (18) sua determinação para enfrentar o racismo aos membros de sua comunidade asiática, após um massacre a tiros em vários spas de massagem que deixou oito mortos em Atlanta e seus arredores na terça-feira.
A Casa Branca anunciou que o presidente Joe Biden e a vice-presidente Kamala Harris visitarão na sexta-feira essa cidade americana do estado da Geórgia, e se reunirão com líderes asiáticos-americanos para "discutir os contínuos ataques e ameaças à sua comunidade".
Robert Aaron Long, um homem branco de 21 anos, confessou ser o autor do massacre. Seis das oito pessoas mortas eram mulheres de origem asiática.
No entanto, este homem de Woodstock, na Geórgia - que enfrenta oito acusações de assassinato e uma de agressão grave nos tiroteios nos três spas de massagem - afirma que não foi motivado por ódio racial.
Embora o motivo dos crimes ainda não tenha sido elucidado, o tiroteio tocou em um tema sensível em um país onde aumentaram os crimes de ódio contra americanos de origem asiática.
"Para muitos asiático-americanos, os eventos chocantes de terça-feira pareceram o culminar inevitável em que se registraram quase 3.800 incidentes de violência odiosa contra asiáticos", ressaltou o legislador Steve Cohen, em uma audiência de um subcomitê da Câmara dos Representantes em Washington.
Os incidentes contra asiáticos tornaram-se "cada vez mais violentos à medida que a pandemia da covid-19 piorava", contou o democrata Cohen.
Esse aumento, disse, foi alimentado por referências ao "vírus da China", um termo frequentemente usado pelo ex-presidente republicano Donald Trump, embora Cohen não o tenha citado.
Long, que as autoridades afirmaram ser um frequentador dessas casas de massagem, tinha sua primeira audiência marcada para esta quinta-feira, mas foi cancelada.
- Prevalecem preconceitos a asiáticos -
Segundo a polícia, Long negou que seus crimes tivessem motivação racista e se apresentou como um "viciado em sexo", ansioso para acabar com "uma tentação".
Porém, a prefeita de Atlanta, Keisha Lance Bottoms, declarou que essas alegações devem ser vistas com cautela e que é "difícil ignorar" que a maioria das vítimas são de origem asiática.
Por sua vez, Sarah Park, presidente da coalizão coreana-americana Metro Atlanta, apontou que o racismo foi claramente um fator no crime. "Sim, é um crime de ódio contra os americanos de origem asiática", observou.
Entre os que testemunharam perante o painel da Câmara estavam quatro congressistas de ascendência asiática.
"Os asiático-americanos não devem ser usados como bodes expiatórios em tempos de crise - vidas estão em jogo", defendeu Judy Chu, democrata da Califórnia.
"É fundamental que o Congresso tome medidas ousadas para enfrentar esta pandemia de discriminação e ódio".
Cohen, presidente do subcomitê, disse que os asiático-americanos têm sido submetidos a "assédio verbal, cuspidas, tapas" e foram "queimados, esfaqueados ou violentamente jogados no chão".
Acrescentou que a pandemia do novo coronavírus, que ceifou a vida de mais de meio milhão de americanos, exacerbou "preconceitos anti-asiáticos latentes há anos" nos Estados Unidos.
O republicano de maior importância no painel, Chip Roy, do Texas, afirmou que as vítimas dos tiroteios de Atlanta merecem justiça, mas expressou preocupação com o direito de criticar os dirigentes chineses.
Essas declarações geraram indignação entre alguns legisladores.
- Os ataques 'devem cessar' -
Em todo o Estados Unidos, as vítimas receberam homenagens, momentos que foram ao mesmo tempo protestos contra o aumento dos ataques contra a comunidade asiática.
As polícias de Nova York, Seattle, Chicago, San Francisco e outras grandes cidades intensificaram o patrulhamento em áreas com grande população sino-americana.
Por sua vez, Biden ordenou que as bandeiras fossem hasteadas a meio mastro na Casa Branca e em outros edifícios públicos até o pôr do sol da próxima segunda-feira, em sinal de respeito às vítimas de Atlanta.
O presidente declarou que, embora o motivo ainda não tenha sido esclarecido, "o que sabemos é que a comunidade asiático-americana está sentindo uma dor enorme".
"Os recentes ataques à comunidade são antiamericanos", tuitou. "Eles devem cessar".
A Geórgia é o lar de quase 500.000 pessoas de origem asiática, ou seja, pouco mais de 4% de sua população, de acordo com o Asian American Advocacy Fund.
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