Bate-bolas exibem rosto de Hitler em fantasia durante carnaval no Rio

Com fantasias extremamente detalhadas e organizados em grupos, os bate-bolas fazem parte de uma tradição carnavalesca há décadas presente nas ruas do subúrbio do Rio de Janeiro. Vestidos de macacão, bolero, máscara, luvas, meiões, sobrinhas e batendo bolas ao chão, eles se empenham o ano inteiro na confecção das fantasias e se preparam para as saídas e competições durante os quatro dias de folia. Neste ano, a turma de bate-bolas "Virtual de Madureira" saiu com uma fantasia em que estampava o rosto de Adolf Hitler e nas redes sociais, recebeu críticas e acusações de apologia do nazismo.

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Um membro da turma que não saiu neste ano disse à Folha de São Paulo que a imagem do ditador alemão nas fantasias não visava nem criticá-lo nem exaltá-lo. Segundo ele, a ideia desse tema era evocar algo que fugisse do cotidiano do grupo, que costuma sair da favela Congonha, em Madureira, até as imediações da estação de trem do bairro.

Nas redes, internautas se manifestaram:

"Será que eles têm consciência do que isso representa e conhecimento da história que o envolve,e do terror à humanidade ? Inconsequência ? Uma piada de extremo mau gosto, não vejo coerência alguma na infeliz escolha.", escreveu um seguidor no Twitter.

"O que dá na cabeça desses caras de fazerem bate-bola desse m** do Hitler?" questionou outro.

Os integrantes geralmente são homens moradores do mesmo bairro, com idade entre 25 e 40 anos que se unem para brincar o carnaval com trajes temáticos. Clóvis é o outro nome pelo qual os bate-bolas também são conhecidos.

No ano passado, a Secretaria de Cultura mapeou cerca de 16 mil pessoas envolvidas com o tradicional movimento das fantasias de Clóvis nas zonas Norte e Oeste da cidade. Na ocasião a pasta estudava a criação de um Batebolódromo para que os grupos possam se encontrar no carnaval. Dentre os 400 grupos cadastrados pela secretaria de Cultura, o número de componentes de cada um varia de 15 a 200.

Em 2012, os bate-bolas foram declarados Patrimônio Cultural Carioca de Natureza Imaterial pela Prefeitura do Rio. O decreto n°35134 ressalta a importância dos grupos como personagens do carnaval e ainda a capacidade popular de produzir uma manifestação tradicional como forma de resistência à massificação da folia.