Os fiscais de votos de gays, negros e outras minorias

O que uma pessoa gosta de fazer na cama Ă© assunto que sĂł interessa a ela; e Ă s vezes nem isso. Da patrulha do furico alheio, quero distĂąncia. Nojo desse povo que gosta de meter o nariz sujo no dos outros.


Movidos pelo mesmo espírito levy fidelixista, vejo também amigos comprando a moda de fiscalizar o voto de homossexuais e outras minorias. Como fazem parte do chamado grupo do bem, o atentado é feito em plena luz do dia; e é um sucesso.


Acompanho as redes sociais de perto e, das manifestaçÔes mais baixas que tenho visto por aqui, certamente a de dizer em quem as minorias devem votar é a pior. Pois basta um homossexual não declarar voto ao candidato indicado pelo sindicato LGBT, que é inevitåvel algum analfabeto cair sobre o sujeito tentando difamå-lo. E assim perpetuam alegremente a restrição às liberdades das minorias, retardando o avanço delas, sem o perceber. Alguns ainda juram defender a diversidade. Sei, sei.


Cobram de homossexuais uma posição ideolĂłgica, o que quase sempre quer dizer submissĂŁo ao sindicato da causa LGBT. Nessa eleição, exemplos crassos Ă© que nĂŁo faltam: Ă© distribuição de adesivos “negro consciente vota em Dilma”, Ă© Jean Wyllys indicando um perfil falso no Twitter para dizer que boa parte dos eleitores de AĂ©cio sĂŁo igualmente racistas, Ă© o mesmo tentando fazer ligação entre liberalismo e fascismo, Ă© textĂŁo atrĂĄs de textĂŁo no Facebook indignado com homossexuais que nĂŁo seguem a cartilha e nĂŁo votam no candidato indicado por eles.


De um lado, aquele velho autoritarismo que gosta de se meter na vida íntima dos outros. De outro, o autoritarismo do bem que trata minorias como crianças que não sabem pensar por si nem viver sem a tutela do sindicato. Não bastassem os fiscais de furico alheio, ainda temos de lidar com esses tipos que não suportam ver minorias que não seguem a cartilha? Entre um e outro, fico com a dengue.


AtĂ© onde sei, nenhum dos dois presidenciĂĄveis desse segundo turno sĂŁo racistas ou homofĂłbicos. Ok, um recebe apoio de Malafaia e Pastor Everaldo, mas o outro recebe apoio de Edir Macedo e Ă© responsĂĄvel por Feliciano na presidĂȘncia da ComissĂŁo de Direitos Humanos. Na “ditadura do PSDB”, casais do mesmo sexo tiveram direito ao casamento civil em SĂŁo Paulo, antes do resto do Brasil, e foi aprovada a Lei Paulista Contra a Homofobia. No governo Dilma, o que foi feito mesmo? O argumento de que Ă© contraditĂłrio gays votarem no PSDB nĂŁo cola mais. A recomendação atual Ă© que esses arrumem outra histĂłria.


Essa tĂĄtica de lidar com homossexuais e outras minorias, cercando-os de espantalhos, Ă© abusiva e estĂșpida - abusiva, porque homossexuais jĂĄ estĂŁo cansados de ouvir a vida inteira como devem se comportar; estĂșpida porque, ao contrĂĄrio do que imaginam, minorias sĂŁo capazes de pensar por si e se afastam da causa quando percebem que os grupos estĂŁo tomados por pessoas hostis Ă  diversidade.

Siga-me no Twitter (@GuyFranco)

Nosso objetivo Ă© criar um lugar seguro e atraente onde usuĂĄrios possam se conectar uns com os outros baseados em interesses e paixĂ”es. Para melhorar a experiĂȘncia de participantes da comunidade, estamos suspendendo temporariamente os comentĂĄrios de artigos