WandNews - 34ª edição

E vamos chegando ousados & alegres para anunciar a 34ª edição da #WandNews, a sua coluninha semanal com as principais bobagens da semana.Hoje temos a Pedagogia do Porrete do sargento-pastor que sonha com o senado, a filantropia de resultados de Luciano Huck, as novas aventuras do Professor Gravatinha e um Wando Responde Especial.


Depois que Sheherazade defendeu com veemência a ação justiceira dos jovens que desnudaram e amarraram um assaltante no poste, muita gente tem tomado coragem para expor seus instintos mais primitivos. E, para variar, o Facebook tem sido o palco principal dos nossos justiceiros.Essa semana, um pastor e sargento afastado da PM de Santa Catarina foi destaque na luta dos direitos humanos para humanos direitos. Militante político bastante atuante em Joinville (SC), Sargento Piaz é filiado ao PTN e declara abertamente seu desejo em se tornar senador, mesmo depois de ter sido derrotado nas eleições para vereador da cidade.Em seu Facebook, o nobre sargento evangélico decidiu comandar uma patrulha não-oficial nos parques e praças da cidade, e mandou um singelo recado para a juventude transviada:

E pra fechar com chave de ouro, o Sargento exibiu fotos com seus instrumentos de correção moral: a bíblia e um taco de baseball, fabricado por ele, escrito "Direitos Humanos" de um lado e "Sargento Piaz" do outro.

Achei curiosa a forma como o Sargento escreveu a letra "s" nesse taco de baseball artesanal. A tipografia está diferente das demais. Ficou muito parecido com isso aqui:

Segundo o site Informação Católica, da Arquidiocese de São Luís (MA), esse símbolo tem significados nada cristãos:

"Usado por grupos nazistas e grupos de Rock também em roupas, broches, tatuagens, etc. Simboliza o louvor e invocação de satanás. Representa o fim de toda vida regular"

Obviamente, essas referências não condizem com as nobres intenções do justiceiro-destaque da semana. É tudo uma infeliz coincidência.Se depender dos marchadores da Família Brasileira, a vaga no senado do pastor-militar está garantida.


O beijo no coração dessa semana vai para esse grande brasileiro que é Luciano Huck. Um cara do bem que dedica sua vida a ajudar os pobres que participam do seu programa. Em entrevista à Folha, Luciano contou sobre os novos rumos do "Caldeirão Huck".Preocupado com a queda de audiência, o apresentador garante que o programa sofrerá uma guinada, com mais entretenimento e, segundo ele, "menos chororô" - a marca atual do programa.Mas o destaque da entrevista foi esse trecho, que ganhou o Troféu Sem Noção do jornalista Mauricio Stycer:

Folha: O programa é assistencialista?Huck: Gosto de caminhar nessa linha tênue entre o caos e a inspiração. Não sou assistencialista, não quero fazer drama com o sofrimento alheio.

Mas ninguém jamais pensou isso do seu programa, Luciano. Só porque você reforma casas e carros em troca de uma história triste pra exibir na TV?O que o Caldeirão propõe é uma troca justa: o pobre oferece sua história sofrida e o programa milionário apresenta a solução. Os telespectadores se comovem e os anunciantes faturam nos intervalos. Um jogo em que todos ganham.É a linha tênue entre o lucro e a solidariedade. Não dê bola para os críticos, Luciano.


O Brasil vive mesmo um momento especial da sua história. Com tantas festividades em torno da comemoração dos 50 anos do início da ditadura militar no Brasil, não chega a ser tão espantoso que um professor de Direito da USP defenda com unhas e dentes o regime que interrompeu a democracia brasileira.Eduardo Gualazzi resolveu abandonar as aulas de Direito para homenagear os bons homens da nação que marcharam em 64. Num anacronismo-ostentação de fazer inveja a Jair Bolsonaro, o professor prepara suas aulas numa máquina de escrever.Segue um dos trechos do manifesto, que revoltou os alunos da USP:

Percebam que até a letra "f", o professor combinou direitinho, tal qual Xuxa Meneghel:"a de amor, b de baixinho, c de coração." A coisa degringolou para a anarquia a partir do 'g', que, em vez de "golpe", virou "individualismo".Mas mais interessante que isso foi a"performance" que os alunos da USP exibiram em protesto. Encapuzados, cantando a música "Opinião" de Zé Ketti, eles proporcionaram uma cena pouco convencional junto com o professor euro-brasileiro:

Apesar da gigantesca gravata borboleta lilás nos remeter aos saudosos professores da "Escolinha do Barulho", a situação foi bastante tensa. Logo que os estudantes invadiram a aula, o professor deixou a erudição de lado e tentou arrancar os capuzes, além de empurrar e puxar violentamente a camisa de um deles. A cena é uma hecatombe sob várias óticas: estética, performártica, política e histórica.Encerro essa seção com o tweet do poeta e jornalista Bruno Hoffman:

 

Até agora, no post "FIESP e o capitalismo em Cuba", tivemos quase 1000 comentários. Uns 900 me sugeriram tirar em férias em Cuba, outros 50 elogiaram minha mãe e mais uns 30 afirmaram - com toda a convicção do mundo - que a foto em que Fidel, Chávez e Fernando Henrique aparecem de mãos dadas foi montada por mim. A certeza desses leitores foi tão grande, que cheguei até a duvidar da minha idoneidade.Confira alguns momentos de glória dos nossos peritos Molinas:

Sei que é difícil de acreditar no Príncipe da Sociologia junto e misturado com comunistas da pior espécie. Mas uma breve pesquisa no Google tiraria quaisquer dúvidas.Mas que dúvidas? Nossos queridos leitores só têm certezas absolutas e a fraude foi decretada.A foto foi publicada originalmente numa reportagem da Folha em 2001, quando o trio da foto fez bons negócios e rasgou elogios entre si na Venezuela. Para não deixar dúvidas, segue outra foto registrando o mesmo momento, mas de outro ângulo:

Tão vendo o Dedo de Deus mindinho de Fernando agora? Se não ficarem satisfeitos, segue uma lista com vários clics desse momento histórico.Peço desculpas por roubar a magia desse momento, meus queridos, mas vocês não me deram escolha. Um grande beijo no coração!