Bolsonaro aparece em foto com suspeito de lavar dinheiro para o PCC, diz jornalista
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) posou para fotografias juntamente com um homem apontado pela Polícia Civil de São Paulo como suspeito de ser um dos principais responsáveis pela lavagem de dinheiro do PCC (Primeiro Comando da Capital).
A denúncia partiu do jornalista Fábio Pannunzio, conforme afirmou durante a transmissão no YouTube de um programa de análise política, e replicado em sua conta no Twitter.
Falei com todo mundo. O Presidente do Santos diz que o evento é de responsabilidade do Narciso, que há 17 anos o promove. O assessor do Narciso diz que a escalação foi delegada a um empresário chamado Rodrigo Jaka. E Jaka, com quem não falei, seria ex-sócio do tal Fredy.
— Fabio Pannunzio (@blogdopannunzio) January 4, 2021
As imagens foram tiradas no dia 28 de dezembro durante o evento beneficente “Natal Sem Fome”, que envolveu partidas amistosas realizadas na Vila Belmiro, casa do Santos Futebol Clube, no litoral paulista.
Nas fotos, o presidente surge ao lado do empresário Fred da Silva Gonçalves Bento, conhecido como Fredy Restrito. De acordo com a denúncia de Pannunzio, Fred consta em um relatório de investigação da Polícia Civil como “o responsável pela lavagem do PCC”.
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O suspeito, de acordo com Pannuzio, teria disputado a partida preliminar e quase foi escalado para a partida principal, na qual Bolsonaro jogou. O nome de Fred, no entanto, não consta da escalação.
Fred aparece juntamente com Bolsonaro em três imagens: uma postada, e já apagada, no perfil de Fredy Restrito no Instagram; e em outras duas que ainda seguem publicadas na conta oficial do Flickr da Presidência República.
O empresário promove grandes eventos em São Vicente, no litoral paulista, e inclusive teria contrato com a prefeitura do município para organizar festas e o aniversário da cidade. Segundo os investigadores da Polícia Civil, as festas e eventos seriam maneiras de lavar o dinheiro do crime organizado.
O presidente do Santos, procurado por Pannunzio, informou que o evento é de responsabilidade do ex-jogador Narciso, que há 17 anos o promove. O assessor do Narciso, ainda segundo Pannunzio, disse que a escalação foi delegada a um empresário que seria ex-sócio de Fred.
Em nota divulgada à imprensa, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do governo federal, informou que o evento beneficente não foi organizado pela Presidência da República, que o gabinete não é responsável pela agenda do presidente nem tem poder de polícia.
Segundo o GSI, o presidente Bolsonaro foi convidado a participar do evento, prestigiou a partida de futebol e foi objeto das medidas e protocolos de segurança previstos para garantir a sua integridade.
BRAÇO-DIREITO DE ANDRÉ DO RAP
Fred é apontado ainda pela Polícia Civil como “braço direito” de André Oliveira Macedo, o André do Rap.
Foragido desde outubro, André do Rap é apontado como um dos chefes do PCC e consta na lista de bandidos mais procurados do mundo na lista vermelha da Interpol ao sair pela porta da frente do presídio após receber um habeas corpus do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio Mello, e ter o benefício revogado pelo também ministro do STF, Luiz Fux.
Segundo investigadores, André do Rap saiu do país em um avião particular, que decolou do Paraná, provavelmente para o Paraguai. A PF (Polícia Federal) imediatamente pediu a inclusão do foragido nas buscas da Interpol, que o incluiu em uma “lista restrita”, segundo a PF.
A defesa de Fred nega participação em qualquer esquema criminoso. Em agosto, quando veio à tona a denúncia contra ele, o empresário postou um vídeo na internet dizendo que seu patrimônio é fruto do seu trabalho.
Fred já havia sido ouvido pela Polícia Civil em 24 de junho de 2019. Ele negou conhecer André do Rap e também afirmou que jamais cometeu crime de lavagem de dinheiro.