Bolsonaro contraria Ministério da Saúde e OMS e faz tour pelas ruas do DF

Brazil's President Jair Bolsonaro greets supporters and journalists as he arrives to give a news conference on the new coronavirus at Planalto presidential palace in Brasilia, Brazil, Friday, March 27, 2020. Even as coronavirus cases mount in Latin America’s largest nation, Bolsonaro is calling the pandemic a momentary, minor problem and saying strong measures to contain it are unnecessary. (AP Photo/Andre Borges)
Brazil's President Jair Bolsonaro greets supporters and journalists as he arrives to give a news conference on the new coronavirus at Planalto presidential palace in Brasilia, Brazil, Friday, March 27, 2020. Even as coronavirus cases mount in Latin America’s largest nation, Bolsonaro is calling the pandemic a momentary, minor problem and saying strong measures to contain it are unnecessary. (AP Photo/Andre Borges)

RESUMO DA NOTÍCIA

  • Bolsonaro contrariou orientações do Ministério da Saúde e foi às ruas do DF hoje se encontrar com ambulantes, ir a comércios que seguem abertos e visitar hospital.

  • Ele também passou por Ceilândia, conversou com trabalhadores informais e defendeu o uso de remédios feitos com cloroquina e hidroxicloroquina -- substâncias ainda em fase de testes.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contrariou orientações do Ministério da Saúde e saiu às ruas do Distrito Federal neste domingo (29) para se encontrar com ambulantes, ir a comércios que seguem abertos (farmácia, supermercado, posto de gasolina) e visitar o HFA (Hospital das Forças Armadas).

A cena, registrada em meio à pandemia do coronavírus e a despeito de apelos de autoridades médicas e sanitárias pelo mundo, para que se evitem aglomerações, foi postada no perfil oficial de Bolsonaro no Twitter -- um vídeo no qual aparece conversando com um vendedor de churrasquinho em Taguatinga, cidade satélite do DF —a 27 km de Brasília.

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Segundo reportagem do portal UOL, o presidente também passou por Ceilândia (33 km de Brasília), onde conversou com trabalhadores informais e defendeu o uso de remédios feitos com cloroquina e hidroxicloroquina -- substâncias que, no entanto, ainda estão em fase de testes contra o vírus.

O ex-capitão, ao passar por um mercado no bairro Sudoeste, no Plano Piloto, afirmou a um apoiador que está "rodando por aí para ouvir alguma coisa. Contra ou a favor, né? Sugestão aí".

“O que eu tenho conversado com o povo é: eles querem trabalhar. Eu tenho falado desde o começo. Tem que tomar cuidado. Maior de 65 fica em casa”, disse, durante o tour pelas ruas do DF.

A necessidade de reclusão é endossada não só pelas autoridades de saúde mundo afora, mas pelo próprio Ministério da Saúde, o que tem gerado atritos entre o presidente e o ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).

Em entrevista para atualizar o número de mortes e casos de contaminação pelo covid-19, Mandetta fez um discurso contrariando o presidente e reforçando a importância do isolamento social. Especula-se, inclusive, que o titular da Saúde estaria sob ameaça de demissão por bater de frente com Bolsonaro.

No mesmo dia, segundo reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo", Mandetta advertiu o mandatário de que a pandemia não se trata de uma "gripezinha" e teria questionado se o governo está preparado para colocar caminhões do Exército transportando corpos de vítimas. O diário, citando fontes, afirmou que o ministro não irá pedir demissão em meio à crise, mas admitiu deixar o ministério ao fim da pandemia se for o caso.

Embora graves o problema e os riscos para a população, Bolsonaro tem defendido a reabertura do comércio e retomada das atividades nos estados e municípios brasileiros. O isolamento, segundo as ideias do mandatário, deve ficar restrito aos chamados grupos de risco (idosos e pessoas com complicações preexistentes).

Para o ex-capitão, a preocupação com os rumos da economia é tão importante quanto a saúde pública. Ele teme que haja uma onda de demissões devido à interrupção da rotina no país.

De acordo com o Planalto, Bolsonaro esteve em "agenda pessoal".

Conforme o UOL, Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada hoje pela manhã por um acesso alternativo, com o objetivo de driblar a imprensa de plantão na portaria da residência oficial da Presidência. Ele seguiu em comboio a um posto de gasolina, onde desceu do carro para cumprimentar apoiadores e tirar fotos com frentistas.

Em seguida, visitou uma farmácia, uma padaria e um supermercado no Sudoeste, bairro residencial situado a cerca de 10 km do Congresso Nacional. Depois disso, dirigiu-se ao Hospital das Forças Armadas.

No HFA, a visita do presidente à unidade de saúde ocorre em um momento onde ele é cobrado a mostrar o resultado dos exames que fez para detectar se há contaminação pelo coronavírus.

O Planalto não esclareceu se Bolsonaro realizou algum exame ou se fez apenas uma visita social ao HFA.

O mandatário diz que está bem e não foi infectado. No entanto, mais de 20 pessoas que estiveram com ele na viagem aos Estados Unidos, no início de março, já testaram positivo. Entre os contaminados está o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, e o chefe da Secretaria Especial de Comunicação, Fábio Wajngarten.