Bolsonaro disse ser "apaixonado" por ministro de Lula que defendeu atos golpistas
Jair Bolsonaro disse ser "apaixonado" por José Múcio Monteiro, novo ministro da Defesa
Ex-presidente chegou a convidar o então ministro do TCU para compor seu governo
Declaração de Múcio sobre manifestações golpistas não agradou aliados de Lula
Novo ministro da Defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), José Múcio Monteiro já despertou "paixão" justamente do antecessor do petista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em 2020, quando ainda estava no poder, Bolsonaro não poupou elogios ao então ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) durante o Fórum Nacional de Controle.
"Eu sou apaixonado por você. Gosto muito de Vossa Excelência", afirmou sobre Múcio, que estava prestes a se aposentar do órgão.
Na ocasião, Bolsonaro foi além e convidou, ainda que informalmente, o amigo para integrar seu governo. "Se a saudade lhe bater, venha para cá, estará entre nós, pode ter certeza. No nosso primeiro time, para, do outro lado aqui, do Executivo, traçarmos e fazermos política para o futuro da nossa nação.”
Convite de Lula
Pouco mais de dois anos depois, no entanto, foi com Lula que Múcio se aliou para compor o governo na pasta da Defesa, como aposta do petista para se aproximar das Forças Armadas.
O atual ministro não tem experiência militar, mas é bem visto na área. Ex-deputado, ele fez parte de partidos de direita, inclusive da Arena, que dava sustentação política à ditadura entre 1966 e 1979.
Questionado sobre sua relação com Bolsonaro ao assumir como novo ministro de Lula, Múcio tratou de minimizar, mas admitiu a amizade. "Converso sempre com ele. Quando ele perdeu as eleições eu fui lá cumprimentá-lo", disse.
Declaração repercutiu mal
José Múcio Monteiro foi empossado ministro da Defesa na última segunda-feira (2). Momentos depois, porém, já deu uma declaração que repercutiu negativamente entre os aliados de Lula.
Questionado sobre os acampamentos bolsonaristas que promovem manifestações golpistas por todo o Brasil, Múcio considerou que são apenas "manifestações da democracia" e que devem "se esvair" nos próximos dias.
O ministro foi além e disse que "tem parentes e amigos" que participam das manifestações golpistas em Brasília e no Recife.
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