Bolsonaro diz que indulto a Daniel Silveira serviu de 'simbolismo' para 'garantia da liberdade'
BRASĂLIA â O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que a concessĂŁo do instituto da graça do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) foi importante nĂŁo "pela pessoa que estava em jogo", mas pelo "simbolismo" da "garantia da nossa liberdade".
â Ontem foi um dia importante para o nosso paĂs. NĂŁo pela pessoa que estava em jogo. Ou por quem foi protagonista desse episĂłdio. Mas o simbolismo de que nĂłs temos, mais que o direito, nĂłs temos a garantia da nossa liberdade â disse o presidente, durante cerimĂŽnia em Porto Seguro (BA).
Bolsonaro editou na quinta-feira um decreto que concede a graça a Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e nove meses de prisão. A graça funciona como um perdão da pena. Rede, PDT e o senador Renan Calheiro entraram com ação no STF contra o decreto. As legendas e o senador questionam se o perdão presidencial estå de acordo com a Constituição e afirmam que medida é 'incentivo ao crime'. A ministra Rosa Weber foi escolhida como relatora da ação.
O deputado havia sido condenado na vĂ©spera por ameaças e incitação Ă violĂȘncia contra ministros do STF. A decisĂŁo foi tomada por dez votos a um.
O presidente do PDT, Carlos Lupi, tambĂ©m apresentou Ă CĂąmara dos Deputados um pedido de impeachment contra o presidente. O pedido argumenta que Bolsonaro buscou violar a competĂȘncia do Supremo Tribunal Federal e desrespeitar uma decisĂŁo da Corte. Isso, na avaliação do PDT, incorre em crime de responsabilidade, elemento que justificaria uma abertura de processo de impeachment.
Ao contrĂĄrio do indulto, que Ă© concedido de forma coletiva, a graça Ă© um perdĂŁo individual. A Constituição define que cabe privativamente ao presidente "conceder indulto e comutar penas". JĂĄ o CĂłdigo de Processo Penal estabelece que "a graça poderĂĄ ser provocada por petição do condenado, de qualquer pessoa do povo, do Conselho PenitenciĂĄrio, ou do MinistĂ©rio PĂșblico, ressalvada, entretanto, ao Presidente da RepĂșblica, a faculdade de concedĂȘ-la espontaneamente".
Uma ala do STF avalia que a decisĂŁo do presidente de afrontar a decisĂŁo da Corte tem efeito limitado. Segundo ministros, ouvidos em carĂĄter reservado, apesar de o indulto individual ser uma prerrogativa do presidente, o perdĂŁo recairia apenas para a pena de prisĂŁo e multa, nĂŁo livrando o deputado da inelegibilidade , nem da perda de mandato. Assim, para essa corrente da Corte, independentemente da validade ou nĂŁo do decreto presidencial, Silveira nĂŁo poderia se candid