Bolsonaro no Flow: presidente voltou a desinformar sobre as eleições
Bolsonaro no Flow: na noite da última segunda-feira (8), o presidente concedeu uma entrevista ao Flow podcast
Na conversa, ele tratou sobre diversos assuntos, dentre eles as urnas eletrônicas
Informações falsas sobre a apuração dos votos, por exemplo foram reproduzidas pelo mandatário
Na última segunda-feira (8) o presidente Jair Bolsonaro (PL) e candidato à reeleição para o cargo concedeu uma entrevista ao Flow podcast. O mandatário voltou a lançar dúvidas sobre o processo eleitoral ao retomar o episódio de invasão de um hacker ao sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em 2018 que, segundo a PF (Polícia Federal), não comprometeu o resultado das eleições.
Além disso, Bolsonaro defendeu que a totalização não é um processo transparente. Essa informação, no entanto, é falsa e já havia sido esclarecida em oportunidades anteriores pelo TSE .
Confira análise da reportagem do Yahoo! Notícias sobre as declarações do presidente Jair Bolsonaro.
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Ataque hacker
"[...] desde o início de março 2018 até o segundo turno, os hackers ficaram dentro no TSE. O TSE que diz isso isso para PF, não sou eu"
Presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro em entrevista ao podcast Flow, em 8 de agosto de 2022
Embora, de fato, tenha havido um ataque hacker em 2018 ao sistema do TSE, o presidente omitiu em sua fala a informação de que não houve qualquer indício que a invasão tenha afetado o resultado das eleições.
A invasão ao sistema do Tribunal havia sido revelada ao público em uma reportagem do TecMundo de 2018, logo após o TSE ter informado à PF sobre a invasão, solicitando a abertura de um inquérito.
Em depoimento, o delegado Victor Neves Feitosa Campos – responsável pela condução da investigação – negou que a invasão tenha implicado em fraudes nas urnas ou nas eleições de 2018.
O episódio, no entanto, tem sido usado com frequência por Bolsonaro para levantar dúvidas sobre a segurança e os resultados do processo eleitoral.
Apuração dos votos
"A apuração tem que ser público [sic]. Se é numa sala-cofre, não é público, 20 poucos servidores apuram lá dentro"
Presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro em entrevista ao podcast Flow, em 8 de agosto de 2022
Ao contrário do que afirmou o presidente na conversa da última segunda-feira (8), a apuração se trata de um processo público, conforme já evidenciado pelo TSE.
A apuração dos resultados é feita de maneira automática pela urna eletrônica logo após a votação ser encerrada. Conforme explica o tribunal, "nesse momento, a urna imprime, em cinco vias, o Boletim de Urna (BU), que contém a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, além dos votos nulos e em branco".
Uma dessas vias do BU é colocada no local de votação de modo que qualquer cidadão pode ter acesso.
Já na sede do TSE, o que ocorre é apenas a soma dos resultados de cada uma das urnas eletrônicas, enviados por meio de dados criptografados. Esse envio é feito após o processo descrito de totalização e impressão dos boletins de urna.
Neste ano, o TSE se comprometeu a disponibilizar os boletins de urna em seu site na internet, em até três dias após o encerramento da totalização.
Além disso, a fiscalização da transmissão da totalização dos votos é aberta a candidatas e candidatos, partidos políticos, à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ao Ministério Público (MP), dentre outros, conforme a Lei nº 9.504/1997.