Bolsonaro pressionou PL a questionar eleição, mas não quis assinar ação golpista
Atitude do ex-presidente irritou profundamente as lideranças do partido
Após ser derrotado na eleição, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou a cobrar dos partidos aliados – especialmente o PL – atitudes para questionar o resultado do pleito. Ele, no entanto, não tinha o interesse de se envolver pessoalmente nas investigas golpistas.
Conforme divulgado pela coluna de Bela Megale, do jornal O Globo, Bolsonaro se recusou a assinar o documento feito pelo PL que questionava a validade de 300 urnas – e só no segundo turno.
Incômodo. Como o PL esperava que Bolsonaro liderasse o processo de contestação da eleição – defendido por ele próprio - a omissão da assinatura provocou grande irritação por parte das lideranças alinhadas a Valdemar Costa Neto, presidente do partido.
A avaliação era de que o ex-presidente da República deixou o cacique partidário sozinho e com o “problema no colo”.
Soma-se a isso o fato de que essa mesma ala do PL descobriu que a família Bolsonaro pretendia que o comando da legenda ficasse com o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.
Arrependido. Valdemar chegou a sinalizar a aliados que se arrepende de ter apresentado a ação ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Na época, o documento foi interpretado pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal, como litigância de má-fé. O magistrado, então, aplicou uma multa de R$ 22 milhões ao PL e aos partidos que integraram a Coligação Pelo Bem do Brasil e determinou a suspensão dos respectivos Fundos Partidários.
Posteriormente, Moraes atendeu aos pedidos do PP e do Republicanos – que alegaram nunca terem questionado as eleições - e permitiu que o PL pagasse sozinho a quantia fixada.
O que dizia o documento?
PL pediu para serem desconsiderados os votos de urnas supostamente “comprometidas”;
Essas urnas, anteriores a 2020, não seriam perfeitamente auditáveis;
Nesse universo, Bolsonaro teria vencido a eleição com 51,05% dos votos;
O PL só coloca essas urnas em xeque no 2º turno e ignora o 1º turno das eleições, quando elegeu grande quantidade de parlamentares e governadores;
Nenhuma prova ou evidência foi apresentada sobre supostos problemas nas urnas;
Sem assinatura de Bolsonaro, documento foi assinado pelo advogado Marcelo Bessa.
Em diversas ocasiões, Bolsonaro questionou a validade das urnas eletrônicas, apesar de ter se elegido vezes seguidas por meio de seu uso. Ele também não escondia o receio que tinha em ser preso caso fosse derrotado no segundo turno, como aconteceu.