País com 33,1 milhões de famintos reforça favoritismo de Lula em nova pesquisa
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (8/5) voltou a apontar a possibilidade de vitória do ex-presidente Lula (PT) já no primeiro turno e uma das explicações para isso está em uma questão a respeito do poder de compra dos eleitores.
Seis em cada dez entrevistados (62%) disseram que o governo Lula foi o período em que mais compras era possível fazer com os seus salários.
A gestão de Jair Bolsonaro (PL) obteve 10% das citações.
O levantamento foi publicado no dia em que um outro estudo, este realizado pelo Vox Populi em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, mostrou que 33,1 milhões de brasileiros passam fome atualmente –um incremento de 14 milhões de pessoas em relação a dois anos atrás.
A fome no Brasil é perceptível nas ruas e o rebaixamento do poder de compra, nas gôndolas do supermercado.
Em entrevista à revista Veja, o diretor da Quaest, Felipe Nunes, apontou que conta a favor do ex-presidente uma “boa lembrança”, enquanto Bolsonaro é visto como uma decepção para 54% dos entrevistados. Eles disseram que a gestão é pior do que esperavam, contra 18% que dizem o contrário –ou seja, que ele superou as expectativas.
A pesquisa foi realizada entre os dias 2 e 5 de junho. No dia 3, o presidente protagonizou a primeira de uma série de inserções de seu partido na TV. Na ocasião, ele simulou uma conversa com jovens e ensaiou uma espécie de slogan de campanha que dizia: sem pandemia e corrupção, ninguém seria capaz de segurar o Brasil.
A estratégia, pelo que apontam as pesquisas, não tem funcionado.
Lula lidera a corrida eleitoral com desempenho entre 46% e 48% das intenções de voto a depender do cenário. Bolsonaro só chega a 30%.
Isso explica o esforço empreendido pelo presidente para minimizar o impacto do aumento da gasolina, via corte de impostos, no bolso dos eleitores.
Para 56%, a situação econômica influencia muito na hora da decisão do voto –patamar similar ao apurado pelo Datafolha em maio.
Essa situação faz com que Lula dê a largada oficial na corrida eleitoral com chances reais de vitória antes mesmo do segundo turno –no qual bateria o atual presidente por 54% a 32%.
Para inglês não ver.
O desaparecimento de um jornalista britânico, em companhia de um indigenista afastado da Funai, durante uma apuração no Amazonas, subverteu um velho ditado no país. “Para inglês ver” é uma expressão que remete aos tempos em que o Brasil só fingia atender aos apelos da Corte Britânica pelo fim da escravidão.
Em 2022, cabia a um repórter inglês ajudar a descortinar a realidade em uma área marcada pela devastação e a violência. O governo age contra entidades ambientais e o jornalismo profissional justamente para inglês (e alemão, e americano) não ver o que acontece debaixo de suas barbas.
Enquanto militares percorrem de barco a região – para inglês ver? – e familiares de
Tom Phillips e Bruno Pereira aguardam notícias de seu paradeiro, Bolsonaro faz pouco caso ao dizer que a dupla estava em campo em uma “aventura”, e não a trabalho.
Trata-se de mais uma oportunidade perdida pelo presidente para mostrar que se importa com alguém –o que reforça uma imagem da qual não consegue se dissociar desde ao menos a pandemia.
Lula, por sua vez, correu para postar em suas redes uma foto tirada durante uma entrevista concedida ao jornalista britânico.
O mistério sobre seu desaparecimento é mais um episódio que coloca Bolsonaro e seu(s) adversário(s) em campos opostos da disputa política.
Como resumiu o porta-voz na Amazônia do Greenpeace Brasil, Danicley de Aguiar, “o silenciamento de ativistas, lideranças sociais e jornalistas é a ponta de uma política de extermínio a serviço da economia da destruição que consome a floresta e viola os direitos humanos na Amazônia”.