Cúpula dos países mais pobres do mundo destaca falta de vontade política para combater desigualdades

AFP - KARIM JAAFAR

Os líderes dos países mais pobres do mundo se reuniram em Doha, neste domingo (5), sob a égide da ONU, pedindo "ações concretas" contra a pobreza extrema. O encontro evidencia um olhar desiludido sobre o modelo econômico global. Com a participação de 33 países da África, 12 da Ásia-Pacífico e o Haiti, o evento havia sido adiado duas vezes devido à pandemia de Covid-19. Todos os participantes pertencem à categoria de Países Menos Desenvolvidos, (PMDs ou LDCs na sigla em inglês), criada há 50 anos e destinada a garantir apoio internacional especial.

“Chega de desculpas”, afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres, aos países mais ricos, dos quais nenhum chefe de estado ou de governo esteve presente, a não ser o país anfitrião. “Já é hora de os países desenvolvidos cumprirem seu compromisso de fornecer aos PMDs entre 0,15 e 0,2% de sua renda nacional bruta”, acrescentou. Para o líder da organização, o grupo de 46 nações carece de apoio adicional que deve ser exigido de imediato. António Guterres destacou que este conjunto de economias representa uma em cada oito pessoas do planeta.

O Emir do Qatar, Sheikh Tamim bin Hamad Al-Thani, falou da "falta de justiça na relação entre os centros industriais avançados e as periferias", apelando a "um mundo novo mais seguro, mais justo e mais livre para hoje e amanhã".

Porém, enquanto um plano de ação foi adotado na Assembleia Geral da ONU no ano passado, nenhuma grande contribuição financeira era esperada na cúpula. Os países menos desenvolvidos deveriam desfrutar de privilégios comerciais e acesso mais fácil a ajuda e outros financiamentos. Desde 1971, seu número - 24 no início - quase dobrou.


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