Foi tudo muito rápido. Primeiro, o influenciador digital Xurrasco publicou um vídeo dançando a música "Lovezinho". Na sequência, Neymar apareceu reproduzindo a coreografia da canção ao comemorar um gol que fez pelo Paris Saint Germanin. Carioca do bairro de Bangu, na Zona Oeste da Cidade, a jovem Thallita Treyce de Almeida Araújo, de 17 anos, custa a acreditar no que a letra se transformou: hit improvável, a música — que usa, sem crédito, a melodia de "Say it right", de Nelly Furtado e Timbaland — alcançou o primeiro lugar no ranking das produções que mais viralizaram neste carnaval. E o som em ritmo de arrochadeira dá sinais de que não deixará de ser ouvido tão cedo.

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— Essa música me trouxe muitas oportunidades que eu nunca imaginei. Recebi proposta de turnê pelos Estados Unidos. Estou montando uma equipe para me ajudar, porque até agora minha mãe é minha empresária — conta ela, que usa Treyce como alcunha artística. — Amo música desde que me entendo por gente. Desde pequenininha, gosto de dançar funk. Fazia balé e cantava na igreja. Sempre amei funk. Até hoje. Fazer pop é melhor, por questões comerciais, mas sempre que dá eu lanço um funk. Me inspiro na Anitta, em Luiza Sonza e Rihanna.

Criada na comunidade Vila Aliança, na Zona Oeste carioca, Treyce viu sua vida mudar quando um vídeo publicado em seu Instagram bateu 15 milhões de visualizações. Tudo isso ganhou uma proporção maior quando ela lançou seu próprio hit, a música "Me chama de amor", que chegou a ser uma das mais tocadas do país. A canção usa também a melodia de um sucesso estrangeiro — "Nothin' on you", dos americanos B.O.B e Bruno Mars. Treyce postou seu vocal a capella, e DJs do Brasil todo fizeram versões em vários ritmos. O remix com o cantor Tubarão foi o mais tocado.

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A jovem — que criou, aos 14 anos, uma conta no Tik Tok — coleciona trends de sucesso com vídeos de dancinhas na rede social. Antes das músicas com letras sensuais, ela cantava e dançava na Igreja Louvor da Terra. Neste carnaval, foi convidada por Anitta para uma participação no trio elétrico em que a cantora se apresentou em Salvador, na Bahia. Ela custa a acreditar onde chegou. E quer mais:

— O curioso é que antes de "Lovezinho" estourar, eu estava passando por uma fase meio desacreditada, desmotivada. A gente trabalha e demora para ser reconhecida. Isso estava me deixando triste — reconhece. — Agora ganhei mais de 50 mil seguidores no Instagram. Em todo lugar que eu vou, me param para tirar foto. Isso me deixa muito feliz. Agora é ir seguindo nesse segmento, do brega, do funk.