Carnaval 2023: Salgueiro vai falar sobre a valorização da liberdade de expressão, com homenagem a Joãosinho Trinta
Penúltima escola a entrar na Marquês de Sapucaí neste domingo de carnaval, o Salgueiro buscará o décimo título de sua história no ano em que completará sete décadas de existência. Para isso, a vermelho e branco aposta tudo no enredo “Delírios de um Paraíso Vermelho”, desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira.
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A escola vai falar sobre a valorização da liberdade de expressão, com homenagem a Joãosinho Trinta, além de mostrar que cada um constrói o seu próprio paraíso. Um dos grandes ícones do carnaval carioca, Joãosinho chegou ao Rio em 1951, onde montou peças como “O Guarani”, de Carlos Gomes, e “Aida”, de Giuseppe Verdi.
Sua estreia como carnavalesco foi no Salgueiro, como assistente de Fernando Pamplona e Arlindo Rodrigues. Em 1973, assumiu o posto oficialmente na agremiação, sendo responsável por criar os enredos vencedores de 1974 e 1975.
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— Esse enredo é todo pautado na filosofia do grande mestre Joãosinho Trinta, que apesar de não ser enredo da escola nos apropriamos da filosofia na qual ele trabalhava e fazia enredos completamente oníricos e de cunho social e cultural, sem se basear somente na filosofia. É importante ressaltar que nesse enredo a gente vai mostrar também a importância da liberdade de expressão, algo muito expoente no trabalho dele. "Delírios de um Paraíso Vermelho" é um carnaval de minha autoria, mas com a filosofia do João — aponta Edson Pereira, que faz se primeiro carnaval no Salgueiro.
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O desfile vai ter muito uso de produtos alternativos para “tirar da cabeça o que não se tem no bolso”. Serão quatro alas produzidas com cinco mil metros de sacos de lixo, decorados com lantejoulas, pintura de arte, placas de acetato reaproveitadas e restos de tecidos de carnavais anteriores.
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Vale prestar atenção no abre-alas, que conta o "pecado original". Nele, Adão e Eva serão negros , representados pelo coreógrafo Carlinhos Salgueiro e pela musa Maryanne Hipólito. Crimes homofóbicos, por sinal, estarão em pauta em outra alegoria do desfile, em que vão ser abordados vários tipos de violência, como a crescente onda de feminicídios.
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“Delírios de um Paraíso Vermelho”
Autores: Moisés Santiago, Líbero, Serginho do Porto, Celino Dias, Aldir Senna, Orlando Ambrósio, Gilmar L. Silva e Marquinho Bombeiro
No toque sublime de amor
O profeta pintou o paraíso
Intenso vermelho que tinge a emoção
Tá no meu coração Salgueiro
A vida em perfeita harmonia
A plena liberdade de viver
Mas a tentação que seduziu Adão e Eva
Fez o pecado florescer
Quem será pecador? Quem irá apontar?
Há um olhar de querer julgar
Se cada um tem seu jeito
Melhor conviver sem preconceito
No meu sonho de rei, quero tempo de paz
Guerra, fome e mazelas nunca mais
A minha Academia anuncia
Da escuridão, raiou o dia
Bendita redenção! Os excluídos libertando suas dores
Embarque, pro renascer dos seus valores
Basta! De violência e opressão
Chega de intolerância
A luz da eternidade acende a chama
Festejando a igualdade que a felicidade emana
Resplandece a beleza do meu rubro paraíso
Proibido é proibir, aviso!
Pelas bênçãos de João, nessa noite de magia
O meu samba é a revolução da alegria
Vermelha paixão salgueirense
Que invade a alma, tá no sangue da gente
O morro desce na batida do tambor
Nesse delírio que o artista se inspirou
Ficha técnica
Fundação: 05/03/1953
Cores: Vermelho e Branco
Presidente: André Vaz da Silva
Carnavalesco: Edson Pereira
Diretor de Carnaval: Julinho Fonseca
Mestres de Bateria: Guilherme e Gustavo
Rainha de Bateria: Viviane Araújo
Mestre-Sala e Porta Bandeira: Sidcley Santos e Marcella Alves
Comissão de Frente: Patrick Carvalho