Carnaval 2023: Unidos da Tijuca tomada de baianidade vai reforçar a religiosidade e tradições nordestinas na Sapucaí
A Unidos da Tijuca é uma das escolas que virão tomadas pela baianidade, neste desfile, só que pelo viés da Baía de Todos os Santos, que banha Salvador e cidades do Recôncavo. O carnavalesco Jack Vasconcelos fala em um “enredo experiência”, para retratar a vida e a cultura nesse pedaço de Brasil.A escola do Morro do Borel será a quarta a entrar na Sapucaí neste domingo, entre 1h e 1h30.
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O carnavalesco conta que lançará mão de signos da mistura (às vezes forçada, ressalta ele) que formou a região, seja na religiosidade, nas tradições ribeirinhas ou nas festas locais. E nas alegorias e fantasias, utilizará materiais como a palha de cana brava, da Ilha de Maré, e rendas de bilro dos artesãos do município de Saubara.
— Um visual meio aquático também permeará todo o desfile — diz Jack, que usa o neologismo “aquaticidade” para definir o estilo. — Ninguém vai ao Nordeste sem voltar diferente. Tem algo que não se explica. Ao percorrer a baía e seu entorno, percebi que todo mundo sabe da história de seu bairro, de sua rua. É um sentimento de pertencimento que quero que esteja presente na Avenida. É como se dissesse: “Olha o tamanho do país em que você nasceu” — completa.
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O carnavalesco corrobora com a ideia das escolas de samba como “antenas das vibrações” do povo:
— Parece que as escolas captaram essa força inconformada que, de uns tempos para cá, vem do Nordeste, seja pela situação política, social ou econômica do país.
Conheça o samba
É Onda Que Vai… É Onda Que Vem… Serei a Baía de Todos Os Santos a Se Mirar No Samba da Minha Terra
Autores: Julio Alves, Cláudio Russo e Tinga
Oh! Mãe deste meu espelho d'água
O mar interior Tupinambá
Kirimurê das ondas mansas
Onde aprendi a navegar
No primeiro de novembro
Da real capitania
No olhar dos invasores
A cobiça, a maresia
Nesse eterno dois de julho
Sou caboclo rebelado
Terra que banho de luta
Pau-Brasil, barril dobrado
Ilu Ayê toca o sino da igrejinha
Ilê Ayê atabaques e agogôs
Pra louvar meu Santo Antônio
Pra saudar meu pai Xangô (kaô, meu pai, kaô)
Beira de baía que desagua minha fé
Pode ser na missa, ou no xirê do candomblé
Marinheiro só, Marinheiro só
O leme do meu Saveiro
Quem conduz é o Pai Maior
Bota dendê e um cadinho de pimenta
Que a marujada vem provar o vatapá
É no mercado, na Lapinha ou na Ribeira
Se tem samba e capoeira
Camafeu também está
Odoyá, Mamãe sereia
Orayeyeô, Mamãe do Ouro
No encontro dessas águas, reluziu o meu tesouro
Opaí ó! É carnaval, onde a fantasia é eterna
Com a Tijuca, a paz vence a guerra
E viver será só festejar
Um banho de axé pra purificar
Um banho de axé nas águas de Oxalá
Sou tijucano rompendo quebrantos
Eu canto a Baía de Todos os Santos
Ficha técnica
Fundação: 31/12/1931
Cores: Azul Pavão e Amarelo Ouro
Presidente: Fernando Horta
Carnavalesco: Jack Vasconcelos
Diretor de Carnaval: Fernando Costa
Mestre de Bateria: Casagrande
Rainha de Bateria: Lexa
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Matheus André e Denadir Garcia
Comissão de Frente: Sérgio Lobato