Carteiras digitais: saiba como se proteger e evitar golpes

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Especialistas orientam o que fazer para nĂŁo cair em fraudes e manter o celular sempre a salvo

(Getty Images)

  • UsuĂĄrios de carteiras e contas digitais devem ficar atentos a golpes;

  • Especialistas orientam a tomar medidas de segurança para proteger os aparelhos;

  • AlĂ©m disso, Ă© importante tomar cuidado com informaçÔes compartilhadas e links recebidos.

NĂŁo Ă© difĂ­cil encontrar por aĂ­ vĂ­timas de golpes digitais. Seja por ter passado uma informação sensĂ­vel, clicado em um link malicioso ou atĂ© mesmo ter sido roubado com o celular desbloqueado – como aconteceu com Bruno de Paula, que chocou a internet com um relato desesperador – a ocorrĂȘncia deste tipo de crime nĂŁo Ă© incomum e vale ficar ainda mais atento quando se tem carteiras digitais instaladas no celular.

Se vocĂȘ nĂŁo estĂĄ familiarizado com o termo, saiba que as carteiras nada mais sĂŁo do que ferramentas que facilitam o pagamento de forma digital. É o que fazem aplicativos como Google Pay, Apple Pay e Samsung Pay ao concentrarem as informaçÔes dos cartĂ”es de dĂ©bito e crĂ©dito do usuĂĄrio e permitirem a realização do processo com um clique ou por aproximação.

Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks e especialista em segurança digital, atende os projetos do Pix e explica que essas inovaçÔes surgem para desburocratizar procedimentos tradicionais, que costumam envolver idas a bancos, envio de documentos e muito tempo de espera. O problema é quando os golpes começam.

“O processo de cadastramento [de contas] ficou mais simples e a quantidade de carteiras digitais aumentou. Essas duas coisas facilitam o processo de fraude”.

Como evitar golpes

Zanini explica que um dos pontos fracos do brasileiro Ă© ser amistoso demais, o que faz com que os criminosos explorem o que se chama de ‘engenharia social’. A tĂ©cnica induz a pessoa a passar informaçÔes confidenciais por meio de manipulação.

Na maioria das vezes, os golpistas abusam da simpatia por telefone ou mensagem e fingem ser funcionĂĄrios de instituiçÔes sĂ©rias. “A pessoa, por boa fĂ©, acha que estĂĄ falando com o cara do banco e acaba passando informação”, diz o especialista, que aconselha a jamais compartilhar dados, desde nome atĂ© senhas. “Esse tipo de postura, confesso, nĂŁo Ă© muito amigĂĄvel, mas se as pessoas se prevenirem, diminui muito o nĂ­vel de fraude”.

Confira algumas orientaçÔes do especialista para não cair em golpes e proteger sua carteira digital:

  • Sempre faça o logoff depois de usĂĄ-la

Zanini destaca que a ação é simples, mas fundamental para garantir a segurança da carteira digital. Alguns aplicativos fazem isso automaticamente, então se a pessoa realizou uma operação e logo em seguida abriu o WhatsApp ou qualquer outro app, ao tentar voltar na carteira terå que inserir a senha, digital ou biometria novamente.

“Mas algumas nĂŁo fecham nunca, eu posso ficar uma semana sem entrar naquela carteira que ela fica aberta. AĂ­ se o ladrĂŁo pega o celular desbloqueado, consegue fazer qualquer operação”, explica. A saĂ­da, portanto, Ă© sempre clicar no botĂŁo de logoff ao terminar uma operação.

  • Verificação em duas etapas

Bruna Allemann, educadora financeira da empresa Acordo Certo, relembra a importĂąncia de ativar a verificação em duas etapas. Assim, quando vocĂȘ for acessar o app, terĂĄ que colocar uma segunda camada de autenticação, alĂ©m da senha usada.

“Carteiras virtuais possuem dupla ou atĂ© tripla verificação. Entre no seu cadastro e sempre mantenha essa função ativada”, aconselha.

  • Quanto mais autenticação, melhor

Procure bloquear aplicativos importantes – seja de banco, carteira digital ou rede social – com senha. Alguns celulares oferecem essa opção nas configuraçÔes, como Ă© o caso da Xiaomi, mas tambĂ©m dĂĄ para baixar ferramentas que providenciam esse serviço.

Dessa forma, aqueles apps mais sensĂ­veis, que jĂĄ oferecem autenticaçÔes normalmente, serĂŁo bloqueados duas vezes: a primeira com a senha usada pelo app bloqueador e a segunda com a senha exclusiva para esse aplicativo. “Quanto mais autenticação vocĂȘ tiver, mais seguro vocĂȘ estĂĄ. Vai ficar mais chato? Sim. Mas em um aplicativo de banco, quanto mais segurança, melhor”, diz Zanini.

  • Evite usar biometria facial em tudo

O especialista ainda indica o uso de senhas para bloquear os aplicativos e nĂŁo sĂł de biometria facial. “Se vocĂȘ colocou todos os aplicativos com autenticação facial, basta que o ladrĂŁo burle isso para acessar tudo que vocĂȘ tem”, alerta. “Vale usar uma senha para o celular e outra para bloquear os apps”.

  • Jamais passe informaçÔes sensĂ­veis ou clique em links duvidosos

Lembra daquela histĂłria sobre cortar o contato com qualquer pessoa desconhecida que tente obter informaçÔes – mesmo que pareçam inofensivas? Aplique no dia a dia.

Além disso, jamais clique em links recebidos por mensagens de WhatsApp, SMS ou e-mails. Segundo um estudo da Kaspersky, especializada em cibersegurança, mais de 100 mil ataques de phishing envolveram carteiras digitais nos primeiros dois meses e meio de 2022 e boa parte se beneficia do uso de links maliciosos.

E se meu celular for roubado?

Caso vocĂȘ perca seu celular, Ă© importante seguir estes passos, segundo Zanini:

  1. Entre em contato com a operadora e peça para bloquear o nĂșmero IMEI de seu celular. Assim, nĂŁo serĂĄ possĂ­vel realizar ligaçÔes ou acessar a internet;

  2. Entre nos sites dos bancos e carteiras que vocĂȘ usa e bloqueie os dispositivos autorizados a acessar sua conta. “Se a pessoa tomar essas duas açÔes antes do criminoso acessar o celular, a chance de fraude Ă© zero”, aponta;

  3. Bloqueie os cartĂ”es que vocĂȘ usa, atĂ© porque eles estĂŁo salvos na carteira digital. É possĂ­vel fazer o processo via site ou telefone;

  4. Complementando as orientaçÔes, Bruna recomenda entrar em contato com a empresa responsĂĄvel pela carteira digital e informar sobre o ocorrido para que todas as senhas sejam trocadas e realizar um Boletim de OcorrĂȘncias.

Fraudes em aberturas de contas

AlĂ©m dos golpes e roubos, os usuĂĄrios podem ser vĂ­timas de um outro tipo de fraude: quando o criminoso usa as credenciais de outra pessoa para abrir uma conta digital – que, vale lembrar, Ă© diferente de carteira digital. O que as empresas estĂŁo fazendo para barrar isso Ă© tornar as requisiçÔes mais sofisticadas no processo de abertura de conta.

Antes, era necessårio apenas tirar uma foto e enviar para a instituição junto com alguns documentos. Só que golpistas obtinham imagens da vítima e fingiam que estavam tirando uma selfie quando, na realidade, só estavam as segurando na frente da cùmera.

“Por isso, algumas empresas fazem pequenas provas de vida, como pedir para vocĂȘ piscar na frente da cĂąmera, mover o rosto para os lados”, esclarece Zanini. “Mas nĂŁo existe uma regra, umas tĂȘm cadastramento mais sofisticado e outras mais simples. SĂŁo esses que abrem brecha para fraudes”.

Um dos grandes problemas criados por contas falsas Ă© a impossibilidade de rastrear para quem foi determinada quantia roubada. Por exemplo: se um criminoso furta um valor via Pix, teoricamente basta ir atrĂĄs do dono da conta que o recebeu. O complicado Ă© quando ela foi aberta com documentos falsos, de uma pessoa que mal imaginava estar envolvida.

Infelizmente, não hå como saber se hå contas falsas abertas com nosso nome, mas Zanini observa que é de responsabilidade da instituição financeira garantir a identidade do usuårio.

“Eu acho atĂ© que o Banco Central vai ter que colocar uma regra sobre como as empresas podem abrir as contas. Claro que isso burocratiza”, lamenta. “VocĂȘ faz um processo pra facilitar a entrada de pessoas nesse mundo bancarizado, mas ao longo do tempo Ă© inevitĂĄvel apertar o processo para equilibrar o nĂșmero de fraudes”.

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