Caso Rafaelly: “Parem de achar normal crianças morrerem todos os dias”; diz madrinha

Rafaelly brincava na rua com outras crianças e foi vítima de uma bala perdida, na altura do tórax.

Caso Rafaelly: Criança de 10 anos foi vítima de bala perdida às vésperas de sua festa de aniversário — Foto: Reprodução
Caso Rafaelly: Criança de 10 anos foi vítima de bala perdida às vésperas de sua festa de aniversário — Foto: Reprodução

Elza Alaíde Menezes, madrinha da menina Rafaelly da Rocha Vieira, de 10 anos, morta com um tiro de fuzil em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, na noite de quarta-feira (25), fez um apelo para que a sociedade não normalize a morte de inocentes.

A tragédia aconteceu na Rua Doutor Monteiro de Barros, esquina com a Rua Getúlio de Moura, em São João de Meriti, por volta das 19h30, desta quarta.

A madrinha de Rafaelly, disse em entrevista ao Bom Dia Rio da TV Globo, que crianças morrem todos os dias no estado e que não é normal naturalizar esse tipo de crime.

“Pedir que a Justiça seja feita não vai fazer diferença, não vai trazer a minha afilhada de volta. Todos os dias estamos enterrando crianças no nosso estado. Parem de normalizar o uso de armas. Parem de achar que é normal crianças morrerem todos os dias. Não é normal”, disse Elza.

A madrinha da menina contou que ela tinha passado o dia em casa, mas foi até a porta para ver outras crianças, que estavam no portão.

Rafaelly brincava na rua com outras crianças e foi vítima de uma bala perdida, na altura do tórax.

“Minha afilhada tinha passado o dia inteiro dentro de casa. Falando no campo da família, conversando. Ela foi até o portão. As outras crianças chamaram. A vizinha disse: ‘Não vai não’. E ela falou: ‘Vou só lá, ver o que as outras crianças querem’. Porque ela era assim, atenciosa com todo mundo. Ela cuidava do pai, da mãe, do avô, da bisavó dela. Destruíram a nossa família”, contou a mulher.

Ainda de acordo com Elza, a família não vive em área de risco e todos se preparavam para celebrar o aniversário da menina, que completou 10 anos no dia 20 de janeiro. A festa seria no sábado (28), em um sítio.

A mulher ficou sabendo da morte da menina, por ligação quando estava no trabalho.

O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Duque de Caxias, também na Baixada Fluminense.

“A vizinha me telefonou, eu estava no trabalho. Eu liguei para o meu irmão, que estava indo para o hospital, sabendo apenas que ela tinha sido baleada. Toda hora as pessoas mudam as informações, mas vocês podem ver que é uma rua que não tem barricada, nada disso. Não teria motivo para tal coisa”, disse a madrinha de Rafaelly.

A madrinha da menina finalizou dizendo que ninguém merece passar por uma situação como a que a família está enfrentando.

“A gente acha que só vai acontecer na família do próximo. A gente acha que só vai ver na televisão. E, nesse exato momento, o corpo da minha afilhada está no IML com um tiro de fuzil. Ela morreu, com dez anos de idade, com um tiro de fuzil. Ninguém merece passar por isso, ainda mais uma criança”, encerrou Elza.

O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Agentes fazem diligências e buscam imagens de câmeras de segurança que tenham registrado a ação e ajudem a identificar os criminosos.

Rafaelly chegou a ser socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Íris, mas teve uma parada cardiorrespiratória e não resistiu.

"A Secretaria de Saúde de São João de Meriti informa que Rafaelly da Rocha Vieira, de 10 anos, deu entrada na UPA de Jardim Íris, às 19h40 de ontem, 25/1, vítima de lesão por arma de fogo. Ela teve parada cardiorrespiratória e todas as tentativas de salvamento foram realizadas, mas infelizmente, sem sucesso. A criança chegou viva à unidade, porém não resistiu aos ferimentos," disse a pasta em nota.