Catástrofe de Brumadinho: Vale é processada nos EUA, acusada de ter enganado investidores
Três anos após o rompimento da barragem que deixou mais de 270 mortos em Brumadinho, em Minas Gerais, a autoridade norte-americano dos mercados financeiros (SEC, na sigla em inglês) lançou um processo na justiça contra a mineradora Vale. A empresa é acusada de ter mentido sobre as condições de segurança de suas instalações e ter causado prejuízo para os investidores.
O rompimento da barragem, que liberou milhões de toneladas de dejetos tóxicos na região, provocando, além das perdas humanas, uma das maiores catástrofes ambientais que o país já conheceu, também teve um impacto financeiro. A Vale, maior produtor de minério de ferro no mundo, perdeu mais de US$ 4 bilhões de seu valor na Bolsa de Valores.
Um grupo foi constituído em 2021 para avaliar as falhas da empresa. Segundo a Securities and Exchange Commission (SEC), a Vale teria manipulado auditorias sobre a segurança da barragem desde 2016. A mineradora teria obtido certificados fraudulentos sobre sua estabilidade e teria induzido ao erro, várias vezes, as autoridades locais, os moradores da região, mas também os investidores.
A questão da veracidade das certificações apresentadas pela mineradora já foi alvo de processos internacionais. Em 2021, a justiça alemã iniciou o julgamento da consultoria alemã TÜV SÜD, acusada de ter falsificado certificados da barragem.
Segundo a autoridade norte-americana, a Vale teria mentido, por exemplo, em seus relatórios sobre o desenvolvimento sustentável, mas também em documentos financeiros, afirmando que respeitava as práticas mais restritas para avaliar a segurança de suas instalações.
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