Centro do Rio registrou um roubo ou furto a cada 22 minutos durante o carnaval

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Entre 19h e 19h10 da Ășltima quinta-feira, dia 21, a psicĂłloga X., de 38 anos, dançava com amigos em um bloco na Avenida Rio Branco, uma das principais do Centro do Rio, quando percebeu que a bolsa que levava no ombro tinha sido aberta e seu celular, um aparelho do modelo Samsung Galaxy, furtado. O grupo chegou a ir atrĂĄs de menores que passavam correndo, mas eles negaram que tivessem cometido o crime. Ao chegar em casa, a vĂ­tima registrou o caso na 1ÂȘ DP (Praça MauĂĄ), pela internet. Ao todo, nessa e nas outras trĂȘs delegacias da regiĂŁo foram contabilizados 272 furtos e 48 roubos durante o Carnaval - o que representa um crime a cada 22 minutos, entre quarta-feira e domingo.

De acordo com um levantamento realizado pelo Extra com base nos registros da PolĂ­cia Civil neste perĂ­odo, apenas em relação a furtos e roubos de celulares, foram 107 e oito casos, respectivamente. O Centro abrange, alĂ©m da 1ÂȘ DP, a 4ÂȘ DP (Central do Brasil), a 5ÂȘ DP (Mem de SĂĄ) e a 6ÂȘ DP (Cidade Nova) — essa Ășltima responsĂĄvel por investigar os crimes que acontecem dentro e nos arredores do SambĂłdromo, como o homicĂ­dio culposo pelo qual a estudante Raquel Antunes da Silva, de 11 anos, foi vĂ­tima, apĂłs ser imprensada em um poste por um carro alegĂłrico da escola de samba Em cima da hora.

O levantamento mostra que, entre essas distritais, a 1ÂȘ DP concentrou o maior nĂșmero de roubos e furtos no geral nesse perĂ­odo. Cerca de 25 minutos apĂłs criminosos furtarem a psicĂłloga, uma estudante, de 22 anos, tambĂ©m foi vĂ­tima do mesmo delito. No caso da jovem, ela estava no banco de trĂĄs de um carro de aplicativo quando um homem, pela janela, arrancou o Iphone 11 de sua mĂŁo e saiu correndo, tambĂ©m ela Avenida Rio Branco.

— Com a mesma rapidez que ele apareceu, ele desapareceu. Correu de maneira muito ligeira entre os carros e nĂŁo pude sequer perceber em qual direção foi. Realmente, Ă© inacreditĂĄvel perceber que, nem dentro de um veĂ­culo particular, conseguimos ficar seguros e protegidos e sair ilesos a violĂȘncia carioca — conta.

Na mesma delegacia, o empresĂĄrio paulista Y., de 44 anos, tambĂ©m registou o furto de seu Iphone 12, quando caminhava com amigos, tambĂ©m na Rio Branco prĂłximo ao Museu do AmanhĂŁ. Ele contou que se aproximara de uma aglomeração apĂłs a passagem de um bloco e logo percebeu o sumiço do aparelho. No mesmo instante, tentou fazer contato com seu prĂłprio nĂșmero, sem sucesso.

JĂĄ na ĂĄrea da 4ÂȘ DP, uma das oito vĂ­timas de roubo, durante o Carnaval um empresĂĄrio carioca. Morador do Lins de Vasconcelos, na Zona Norte da cidade, ele passava na altura do nĂșmero 1.250 da Avenida Presidente Vargas, por volta de 1h30 do Ășltimo sĂĄbado, quando foi abordado por trĂȘs homens armados. De maneira ameaçadora, segundo relatou na distrital, eles exigiram que lhes dessem o aparelho celular que estava em seu bolso.

Ali perto, horas antes, o humorista e apresentador Fåbio Porchat por pouco também não entrou para as estatísticas. Ele se deslocava com o ator Marcelo Adnet de um camarote para a concentração da São Clemente quando um grupo de criminosos se aproximou. Os dois participaram do desfile, que homenageou o também ator Paulo Gustavo, que morreu vítima da Covid-19.

— O caminho do camarote para a concentração deve ter uns dois, trĂȘs quilĂŽmetros. EstĂĄvamos andando pela Presidente Vargar e o Porchat estava fazendo um vĂ­deo, mostrando ele correndo, a emoção e o nervosismo para chegar logo. Vieram uns caras, tentaram pular e roubar o celular dele. Na hora fiquei muito, muito chateado e comecei a gritar: TĂĄ louco, estamos indo desfilar, que falta de respeito. O Porchat tambĂ©m gritou. Acho que eles ficaram assustados com a nossa reação e saĂ­ram correndo. NĂŁo teve nenhuma reação fĂ­sica, nem nada. Foi um sentimento de que a festa era sĂł do samba. Se quiserem furtar o Porchat, furtem na saĂ­da, nĂŁo chegada — brincou Adnet, em conversa com Extra.

Titular da 5ÂȘ DP, o delegado Bruno Gilaberte explica que, em toda a RegiĂŁo Central, alĂ©m da movimentação atĂ­pica na ĂĄrea do SambĂłdromo antes, durante e depois dos desfiles das escolas de samba, houve uma concentração de blocos clandestinos nessas ruas ao longo dos cinco dias de Carnaval:

— Os nĂșmeros de crimes patrimoniais, sobretudo furtos e roubos, sĂŁo extraordinĂĄrios, no sentido de ultrapassar os registros feitos em dias normais em toda essa regiĂŁo. Apenas no sĂĄbado, tivemos 14 prisĂ”es de adultos ou apreensĂ”es de adolescentes cometendo esses delitos. Acreditamos que esses grupos tenham se reunido justamente para aproveitar essa data para se dedicar a essas atividades criminosas.

Procurada, a Polícia Militar informou que, inicialmente, o Centro do Rio contou com 3.291 PMs, com a missão de patrulhar o entorno do Sambódromo, onde ocorreram desfiles de quarta-feira até domingo, como também de outros locais próximos, como Central do Brasil, Lapa e Boulevard Olímpico. Esse efetivo recebeu mais reforço a partir de sexta-feira para intensificar a atuação da Polícia Militar diante de investidas principalmente para pråtica de furtos e roubos nas vias de acesso ao Sambódromo.

“Incluindo esse perĂ­metro com concentração de eventos e pĂșblico, somente o 4ÂșBPM (SĂŁo CristĂłvĂŁo) e o 5ÂșBPM (Praça da Harmonia) detiveram 17 pessoas, apreenderam quatro adolescentes, recuperaram 14 aparelhos telefĂŽnicos roubados ou furtados e fizeram apreensĂŁo de quatro simulacros de arma de fogo”, disse a corporação, em nota. No carnaval de 2020, o nĂșmero de roubos e furtos na regiĂŁo foi maior: 888

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