Checamos: Bolsonaro ignora vacina e faz afirmação sem fundamento sobre imunidade de rebanho
Em entrevista, Jair Bolsonaro fez afirmação sem base científica sobre imunidade de rebanho
Declaração foi feita em entrevista ao site Gazeta Brasil
Entenda o que é imunidade de rebanho e como as vacinas reduzem o número de casos graves e mortes por Covid
Em entrevista à Gazeta Brasil, na quarta-feira (12), o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a imunidade de rebanho está salvando o Brasil da Covid-19, mas a afirmação não tem respaldo científico.
“A imunidade de rebanho é uma realidade, a pessoa que se imuniza com o vírus tem muito mais anticorpos que aquela que se imuniza com a vacina”, afirmou o mandatário durante a entrevista.
Essa, assim como outras declarações proferidas por Bolsonaro sobre a imunização contra o novo coronavírus e verificadas pelo Yahoo! Notícias, é insustentável.
O conceito de imunidade de rebanho significa que, se uma parcela significativa da população desenvolver anticorpos contra uma determinada doença — seja pela imunização ou pela infecção — a cadeia de transmissão é reduzida a ponto de eliminar o patógeno. Pesquisas apontam que, para atingir esse estágio, seria necessário que cerca de 40% a 80% da população criasse defesas contra o SARS-CoV-2, vírus transmissor da Covid-19.
Em um cenário ideal, a imunização de grande parcela da população deveria ser atingida a partir do desenvolvimento de uma vacina. No entanto, como observado no caso brasileiro, houve atraso e negligência do governo federal na obtenção e distribuição do imunizante. No relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia, o relator Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou que a gestão do governo Bolsonaro foi omissa “e optou por agir de forma não técnica e desidiosa no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, expondo deliberadamente a população a risco concreto de infecção em massa."
Uma análise publicada em 10 de dezembro de 2021 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre a efetividade das vacinas no Brasil mostrou que os imunizantes reduzem o risco de infecções, internações e óbitos pelo novo coronavírus. Considerando os casos graves (internação ou óbito) em indivíduos com idade entre 20 e 80 anos, a proteção variou entre 83% e 99% para todas as vacinas.
“Na população abaixo de 60 anos, todas as vacinas apresentam proteção acima de 85% contra risco de hospitalização e acima de 89% para risco de óbito”, diz o estudo.
A declaração também foi analisada pelo UOL Confere.