Checamos: é enganoso afirmar que a OMS não recomenda vacinação para adolescentes e crianças
Afirmação sem contexto circula nas redes sociais
Organização ressalta a autonomia dos governos para decisão
No Brasil, pessoas com mais de 12 anos podem tomar imunizante contra a Covid-19
Circula o trecho de um vídeo de uma conversa informal do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, acompanhado dos ministros Marcelo Queiroga (Saúde) e Carlos França (Relações Exteriores). O registro editado foi publicado no domingo, 31 de outubro, durante os encontros da cúpula do G-20 em Roma, na Itália, e compartilhado pelo mandatário brasileiro em seus perfis nas redes sociais.
Na publicação, ele afirma que a OMS não recomenda a vacinação contra a Covid-19 para crianças. Contudo, a alegação está descontextualizada.
Tedros Adhanom ressaltou que a OMS precisa de mais evidências sobre o uso das diferentes vacinas contra Covid-19 em crianças. O diretor-geral da organização destacou que as recomendações gerais de imunização para esse público só poderão ser feitas quando houver mais "segurança dos dados".
De fato, até o momento o órgão não aprovou o uso do imunizante para menores de 12 anos. Mas a organização ressalta a autonomia dos governos para a decisão: “até o momento, a OMS ainda não aprovou nenhuma vacina para crianças menores de 12 anos, no entanto, os países são autônomos na definição e decisão de sua estratégia de vacinação com base nas recomendações de sua agência sanitária reguladora”.
Vacinação de adolescentes no Brasil
Até o momento, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não decidiu sobre o uso do imunizante contra a Covid-19 em menores de 12 anos.
Em 11 de junho, a agência aprovou a vacina para pessoas a partir de 12 anos: “A Anvisa autorizou a indicação da vacina Comirnaty, da Pfizer, para crianças com 12 anos de idade ou mais. Com isso, a bula da vacina passará a indicar esta nova faixa etária para o Brasil”.
Na nota, a Anvisa diz que a aprovação do uso da vacina em adolescentes foi feita “após a apresentação de estudos desenvolvidos pelo laboratório que indicaram a segurança e eficácia da vacina para este grupo. Os estudos foram desenvolvidos fora do Brasil e avaliados pela Anvisa.”
A partir de então, a bula da vacina da Pfizer passou a indicar esta faixa etária. Anteriormente, ela só era aplicada em pessoas com mais de 16 anos. O imunizante da Pfizer é o único que pode ser aplicado em menores de idade no Brasil.
A Anvisa é o órgão sanitário responsável pela avaliação e aprovação de medicamentos no Brasil. Para um imunizante ser liberado no Brasil a Anvisa analisa como ele foi produzido, os estudos e embasamentos técnicos que concluíram pela segurança e eficácia do medicamento. Após a liberação do uso em seres humanos, o órgão também faz o monitoramento para possíveis eventos adversos.
Em 29 de outubro deste ano, a agência federal do departamento de saúde dos Estados Unidos, FDA (Food and Drug Administration, em inglês), aprovou o uso do imunizante da Pfizer para crianças entre 11 e 5 anos. “A autorização foi baseada na avaliação completa e transparente do FDA dos dados que incluíram contribuições de especialistas de comitês consultivos independentes que votaram esmagadoramente a favor de tornar a vacina disponível para crianças nessa faixa etária”, diz o comunicado.