Chico Caruso lembra a infância com o irmão gêmeo Paulo, com os primeiros desenhos influenciados pelo avô
Irmão gêmeo de Paulo Caruso, que morreu neste sábado (4), aos aos 73 anos, em São Paulo, após enfrentar um câncer, o cartunista do GLOBO Chico Caruso lembrou a infância dos dois, quando começaram a desenhar por influência do avô materno, que era pintor amador, e dava tintas e cadernos para os netos.
— Nosso avô fazia charges de brincadeira dos amigos, e levamos esse legado adiante. Eu e o Paulo desenhávamos cada um em seu caderno, e depois mostrávamos ao outro o que tínhamos criado. Passamos o resto da vida fazendo isso, mesmo trabalhando em veículos e cidades diferentes — lembra Chico.
Chico admirava a habilidade do irmão em fazer charges e caricaturas ao vivo no programa "Roda Viva", na TV Cultura, onde retratava entrevistados e integrantes da bancada desde a estreia da atração, em 1986:
— O que ele fazia no "Roda Viva" eu jamais conseguiria fazer, desenhar naquela velocidade. Eu trabalho mais lentamente, para mim seria impossível.
O cartunista também lembrou outro talento do irmão: a música. A dupla fez sucesso em espetáculos musicais nos quais criavam paródias envolvendo situações e personagens da política nacional. Em 1985, estreou no Salão Internacional de Humor de Piracicaba a banda Muda Brasil Tancredo Jazz Band, que contou com a participação de outros cartunistas e escritores/músicos, como Luis Fernando Verissimo, Cláudio Paiva e Aroeira. Eles gravaram discos como "Pra seu governo" (1998), "E la nave va" (2001) e "30 anos de democracia - Que país é este?" (2015).
— O Paulo desenvolveu outro dom que meu avô tinha também, ao aprender a tocar piano e violão. Ele era o meu maestro, todas as músicas que fazíamos era ele fazia as melodias — conta Chico. — Nossos figurinos eram sempre iguais, o que também era uma forma de baratear os espetáculos — brinca.