“Choque de dois mundos”, dizem jornais franceses sobre discursos de Putin e Biden

© AFP/Sergei Bobylyov - Reuters/Evelyn Hockstein - Montage RFI

Os jornais franceses desta quarta-feira (22) destacam os discursos dos presidentes russo e americano, Vladimir Putin e Joe Biden, três dias antes do conflito na Ucrânia completar um ano. Na terça-feira (21), Putin fez um discurso sobre o estado da nação culpando os países ocidentais pela guerra na Ucrânia e anunciando a suspensão da participação da Rússia em um tratado nuclear, enquanto Biden defendeu a liberdade, a democracia e reforçou seu apoio “inabalável” à Ucrânia, em Varsóvia.

"Duelo à distância", diz a manchete do Libération. A sete horas de intervalo e separados por pouco mais de mil quilômetros, mas mais do que nunca mergulhados em ideologias diferentes, Putin e Biden expuseram suas visões da Ucrânia, do mundo, de suas alianças e de seus inimigos reais ou presumidos. Discursos cruzados com um "cheiro amargo" da Guerra Fria, diz o jornal. Em quase duas horas, Putin descreveu a Rússia como uma fortaleza sitiada, enfrentando o inimigo representado por Washington e a Ucrânia como refém do Ocidente.

"O choque de dois mundos", destaca Le Figaro, que diz ter sido espantoso ver os dois presidentes descreverem "universos paralelos, onde travam uma guerra um contra o outro". Segundo o jornal, a suspensão de instrumentos de controle de armas nucleares como o programa New Start reforça o risco de proliferação.

O New Start, tratado assinado em 2010 por Barack Obama e Dmitri Medvedev e posteriormente prolongado até 2026, é o único que existe visando limitar os arsenais nucleares russo e americano e prevê inspeções para garantir que os dois lados respeitem seus compromissos.


Leia mais em RFI Brasil

Leia também:
"A Ucrânia ainda é independente e livre”, diz Biden em discurso na Polônia ao ressaltar união da Otan
Putin faz novas ameaças com arsenal nuclear; Ocidente acusa Moscou de abalar segurança pós-Guerra Fria
“O mundo não vai ser o mesmo depois do conflito da Ucrânia”, diz cientista político