Com conta zerada, alunos de medicina acusam empresa por calote de R$ 500 mil

Estudantes acusam empresa Brave Brasil de calote por sumir com mais de R$ 500 mil

Conta bancária foi zerada e estudantes apontam calote por parte de empresa; dinheiro seria utilizado para a festa de formatura dos alunos de Medicina da UFMS (Arquivo Pessoal/ Reprodução)
Conta bancária foi zerada e estudantes apontam calote por parte de empresa; dinheiro seria utilizado para a festa de formatura dos alunos de Medicina da UFMS (Arquivo Pessoal/ Reprodução)

Alunos de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) acusam uma empresa de calote após terem a conta bancária criada para a festa de formatura, com mais de R$ 500 mil, completamente zerada.

A companhia contratada é a Brave Brasil Formaturas e Eventos, envolvida em um golpe milionário após deixar formandos sem baile. Os estudantes da UFMS entraram na Justiça pedindo a anulabilidade do contrato e o bloqueio de bens da companhia.

Saques

O primeiro susto foi nas primeiras semanas de janeiro. A conta, que deveria ter mais de R$ 500 mil, amanheceu apenas com R$ 36 mil.

“Dois dias depois não tinha nada. Hoje não tem nada”, afirmou ao g1 Lívia Arruda Pedrini, de 23 anos. Ela fazia parte da comissão de formatura e estava no penúltimo semestre de Medicina.

A jovem, que esperava comemorar o fim de um ciclo no começo de 2024, conta que o contrato custaria mais de R$ 800 mil. Mais da metade, portanto, já havia sido arrecadada pelas 46 pessoas da turma.

Contrato não foi seguido

Laís Amancio, presidente da comissão, explicou ao g1 como o processo deveria ter sido feito, previsto no contrato firmado com a Brave Brasil:

  • Todas as mensalidades deveriam cair em uma conta específica;

  • A empresa só poderia movimentar dinheiro após obter a assinatura dela e de outras pessoas da comissão;

  • Primeiro alerta surgiu no ano passado, quando os alunos fizeram uma festa com ajuda da Brave;

  • Na ocasião, a empresa não pediu assinatura para nada;

  • Até hoje não mandaram os comprovantes da última festa.

“Assim que estourou [o escândalo] em Maringá, pedimos a prestação de contas, eles não mandaram e pararam de responder. Fiquei olhando todos os dias, o dinheiro foi diminuindo", detalha Laís. “Está sendo uma semana horrível”.

Escândalos

O primeiro caso envolvendo a empresa data do início de janeiro, quando alunos de Medicina de Maringá, no Paraná, ficaram sem o baile de formatura e alegaram golpe de quase R$ 3 milhões.

Conforme apurado pelo g1, a Brave tem contrato com ao menos outras cinco turmas de medicina no Mato Grosso do Sul. Pelo menos três estão movendo ações na Justiça ou pretendem entrar com pedido civil para quebra de contrato.

Empresa incomunicável

Os 46 alunos da UFMS estão representados em uma ação conjunta. Além do processo, foi feita uma notícia de crime contra a empresa e para avisar a Polícia Civil.

"A empresa está incomunicável. Entramos com o processo já que o rombo é de mais de meio milhão de reais. Tentamos falar com todos da empresa, mas nada. Só um milagre mesmo!", comenta o advogado Leonardo Avelino Duarte.

Ele ainda afirma que “todo mundo tentou falar com a empresa, ninguém consegue”. O último contato foi no dia em que o escândalo em Maringá veio a público. Na ocasião, eles cancelaram uma reunião com os estudantes da UFMS.

Sem esperanças

A integrante da comissão Lívia destaca que a notícia sobre o golpe em Maringá foi recebida “com muito desespero”. “A turma ficou em choque. Ficamos desesperados, pensando que a empresa ia entrar em falência. Foi um furdunço!”, aponta.

Agora, a esperança é reaver a quantia, mas não há nenhuma garantia de que o sonho da formatura se realizará no período planejado.

"No momento, eu não quero continuar com a empresa. Não temos para onde correr, em um futuro próximo, não vemos o dinheiro na nossa mão. Mesmo que a gente ganhe na Justiça, pode demorar. Não sabemos quando vamos ter a formatura e se vamos conseguir", lamentou.