Com crise financeira e quarentena do coronavírus, donos de imóveis deixam de cobrar aluguel
A situação financeira no mundo todo está complicada com a crise do coronavírus. Para alguns, o home office funciona, mas, para outros, é impossível. Consequentemente, fica mais difícil pagar as contas, entre elas, o aluguel.
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Cientes da situação, alguns donos de imóveis têm flexibilizado o pagamento do aluguel dos inquilinos. É o caso de Júlia Duarte, dona de sete salões comerciais em Mauá, na Grande São Paulo. “Temos um grupo para falar sobre os imóveis, alterações e coisas do tipo. Na semana em que João Doria decretou a quarentena no estado, eles comentaram no grupo de fecharem e perguntaram como ficaria o aluguel”, relata.
Ela conversou com os irmãos e com a cunhada, que também são donos do espaço, e propôs reduzir o aluguem em 50%. “Os inquilinos tinham trabalhado três quartos do mês nos imóveis, mas muitos deles tinham pago os alugueis no dia 10 e 15, então, provavelmente não iriam conseguir juntar dinheiro para pagar novamente no mês de abril, especialmente sem trabalhar”, explica Júlia.
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Quem aluga os imóveis dela são negócios de bairro. Assim, com a parte do aluguem que recebeu, ela pagou as contas de consumo, como água, luz e IPTU. No próximo mês, ela não deve fazer nenhum tipo de cobrança. “Não tem expectativa de reabrirem tão cedo, não é justo e eles não têm de onde tirar. Eles já pagam aluguel de moradia, pagar de comércio sem poder trabalhar acaba sendo complicado.”
Júlia vê essa renda como um extra, especialmente porque a rotatividade dos imóveis é alta. Por isso, ela se considera preparada para enfrentar os meses sem o pagamento.
A situação de Miguel Blanco é diferente. Não receber o valor do aluguel de um imóvel em Santos vai afetar o orçamento do mês. Mesmo assim, ele optou por atender o pedido da inquilina de pagar apenas condomínio e IPTU. “Aceitei até por ser uma boa inquilina e comerciante, e o comércio está fechado”, explica.
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Miguel encara a medida como uma forma de ajudar a amenizar os efeitos que a pandemia está causando na vida da inquilina. “Ela foi bastante correta no pedido. Me disse que ela até teria todo o aluguel para me pagar, mas estava com medo de não ter condições financeiras para se manter durante o mês”, conta.
NEM TODO MUNDO
Acontece que nem todos os donos de imóveis estão abrindo mão do valor. Gabriel é inquilino de um imóvel na Zona Norte do Rio de Janeiro e, neste mês, o locador reajustou o aluguem e ainda incluiu um valor de “taxa de incêndio”, cobrado pelo condomínio.
Gabriel recebe ajuda do pai, comerciante, para pagar o valor. Com o estabelecimento fechado, ele está com dificuldades financeiras. “Pedi um desconto para poder manter em sai, mas foi negado”, diz.
O locador afirmou que precisava da renda, mas Gabriel não sabe até quando conseguirá pagar o valor.
NOVAS LEIS
Na próxima sexta-feira o Senado vai votar um projeto que inclui a possibilidade de suspensão total ou parcial do pagamento de aluguel por inquilinos atingidos pela crise financeira. Segundo o texto, os alugueis suspensos serão os que vencem entre 20 de março e 30 de outubro.
O projeto foi apresentado pelo senador Antonio Anastasia (PSD-MG), mas o pedido inicial foi feito pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli.