Com Moro na pista, prévias tucanas ganham ares de marcha fúnebre
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- João DoriaEmpresário e político brasileiro, ex-governador de São Paulo
A cerimônia de filiação de Sergio Moro ao Podemos ajudou a transformar as prévias do PSDB, marcadas para domingo, 21 de novembro, em uma marcha fúnebre.
Moro não assumiu (ainda) oficialmente por qual pista concorrerá em 2022, mas já pensa, age e fala como presidenciável. Desde então ele aparece à frente dos dois principais postulantes tucanos nas pesquisas divulgadas na semana passada. Em uma delas aparece também em vantagem em relação a Ciro Gomes (PDT), que aparentemente desistiu de desistir e já chamou o ex-juiz para a briga em entrevista a José Luiz Datena.
Aos candidatos a pré-candidatos tucanos restou uma guerra intestina para disputar um eleitorado que não chega hoje a 5% dos votos. É pouco para uma largada prévia. Sobretudo quando os oponentes estão em duas vitrines do tamanho dos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Nos últimos dias, correu a notícia de que apoiadores do governador gaúcho Eduardo Leite já defendem o adiamento da escolha —em teoria, por conta de um desacerto em torno do sistema de votação por app. Boato ou não, a ideia foi bombardeada pelos adversários João Doria e Arthur Virgílio.
Até onde se sabe, as prévias estão mantidas.
Se a corrida fosse hoje, o escolhido teria razão em concluir que era melhor recolher as armas e disputar a reeleição em seu estado a lançar candidatura própria ao Planalto, como fez a legenda desde a primeira disputa após redemocratização, em 1989.
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Para Doria, ficar fora da disputa principal, seja pelo votos dos filiados, seja por não ter onde crescer devido ao inchaço da chamada terceira via, pode significar o encerramento precoce de uma carreira política meteórica iniciada em 2016, quando foi eleito prefeito de São Paulo. Dois anos depois ele já era governador com planos de chegar à Presidência.
Na disputa interna, Doria tem como ponto de desequilíbrio o ex-padrinho Geraldo Alckmin, que se ressente da falta de empenho do ex-afilhado quando era candidato a presidente em 2018. Doria, como se sabe, bandeou para o lado bolsonarista da força quando viu que as chances do ex-governador eram escassas. Nunca foi perdoado.
Alckmin está com os dois pés fora do PSDB, mas deixou um dedo para trás para votar, via aplicativo, em Eduardo Leite até o aparelho explodir. Se vencer, Doria pode voltar a enfrentar o ex-aliado na disputa pelo Bandeirantes, para a qual deixou seu vice Rodrigo Garcia como esquenta-banco.
Alckmin é hoje o favorito na disputa. E mesmo as sondagens para compor uma chapa com Lula para a disputa presidencial podem ser menos tentadoras a ele do que a possibilidade de desossar Doria ou o seu candidato a sucessor na corrida estadual.
Doria e Leite sabem que o jogo não termina domingo. Pode ser um aceso ao purgatório ou ao inferno, a depender do resultado.
Um não descarta a possibilidade de tirar o nome do jogo para apoiar um candidato mais bem posicionado.
Outro já se reuniu com outros dois concorrentes, Moro entre eles, para discutir o que fazer diante dos favoritos Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. A promessa é que todos estão dispostos a desistir em troca de apoio ao que estiver mais bem colocado. Hoje este nome é Moro. Depois de tudo, Doria ou Leite vão mesmo sair de cena parra correr junto com o ex-juiz?
A pergunta tem como pano de fundo uma série de erros do partido nos últimos anos, que começam em Aécio Neves e terminam com o alinhamento a Bolsonaro em votações-chave no Congresso. Essa pergunta antecipa uma dura realidade para o vencedor de domingo: o risco de levar a vaga, pegar o partido dividido e repetir o fiasco de 2018.