Com “xepa” da vacina, jovens conseguem adiantar imunização em Israel
Desde a última quinta-feira, 4, qualquer cidadão de Israel poderia receber a vacina contra o coronavírus. Antes disso, a imunização estava destinada aos grupos prioritários. Mesmo assim, o brasileiro Alan Broner, de 32 anos, que vive em Israel, já está imunizado: recebeu as duas doses da vacina da Pfizer.
Israel é o país que mais vacinou a população de forma proporcional. Segundo o site Our World in Data, mais de 5 milhões de israelenses já foram vacinados, entre os 9,25 milhões de habitantes do país.
Alan foi um dos cidadãos do país que conseguiu se beneficiar da chamada “xepa” da vacina, isto é, foi imunizado com doses que sobram. A vacina da Pfizer, que está sendo usada no país, precisa de um complexo sistema de refrigeração e deve ser mantida em temperatura de -70ºC. Quando são tiradas dos congeladores, dura poucos dias.
“O que começou a acontecer em Israel é que, para não haver desperdício de vacinas, quando a validade ia terminar, eles (governo) começaram a aplicar doses ou no fim do dia ou em dias especiais”, explica. No dia em que Alan conseguiu tomar a primeira dose, ainda havia a prioridade para pessoas com mais de 60 anos.
Conseguir ser vacinado gerou em Alan alívio, mas ele não esperava conseguir tão rápido. “Antes de entender a questão da logística, eu imaginei que teria que esperar minha idade e seria um dos últimos”, relata.
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“No meu caso, foi um sábado. Como eles tinham estoque grande de vacina naquele dia, eles abriram para que todas as idades pudessem tomar. Foi quando eu consegui”, relata. O brasileiro já havia tentado tomar a vacina da “xepa” em outras três ocasiões, mas não havia conseguido. Quando recebeu a primeira dose, a seguinte já foi agendada e ele recebeu a segunda dose no último sábado, 30.
“Conheço muita gente que conseguiu tomar vacina desse jeito. A verdade é que quem queria muito tomar a vacina e estava disposto a ficar na fila, que estava disposto a não tomar em um lugar tão perto de casa, conseguiu tomar nesses ‘extras’. Quem não estava tão ansiosos, está esperando sua vez.”
Foi o caso de Mariana Iguelka, 22 anos. Brasileira, ela se mudou para Israel no dia 5 de janeiro. Fez a quarentena obrigatória de dez dias e, 23 dias após chegar ao país, conseguiu ser vacinada.
“Fui propositalmente ao posto de vacinação do lado da minha casa e fiquei mais ou menos 1h30 esperando para ver se sobravam vacinas no fim do dia. Eu era a terceira da fila e consegui tomar”, conta. “Muitos dos meus amigos jovens, entre 20 e 30 anos, tomaram a vacina assim.”
Mariana espera, agora, até dia 21 de fevereiro, quando receberá a segunda dose. Até lá, ela segue em casa.
“O sentimento foi de muita alegria e alívio, principalmente por saber o que eu estou num país que tem como prioridade a vacinação e segurança da sua população. Depois de ter chegado do Brasil, tomar a vacina foi uma afirmação política e uma dose de esperança também para os meus conhecidos que ainda ficaram lá. De fato, não mudou muito a minha rotina e nem os meus hábitos, afinal, não estou imunizada e isso não me permite quebrar com os protocolos de segurança higiene. Sigo em lockdown em casa, saindo de máscara na rua e preocupada em pegar covid e contaminar outras pessoas. Mas de modo geral, tenho a sensação de estar mais perto de sair dessa loucura toda do que estava antes”, desabafa.
Desde quinta-feira, 4, qualquer israelense a partir dos 16 anos pode agendar de forma online e tomar a primeira dose da vacina da Pfizer.