Comissão da Câmara convoca Braga Netto para explicar suposta ameaça às eleições
Comissão da Câmara convoca Braga Netto para explicar suposta ameaça às eleições
Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo afirmou que o ministro avisou que se não houver voto impresso e auditável, não haverá eleições em 2022
Proposta que analisa a possibilidade do voto impresso no ano que vem deve ser votada na próxima quinta-feira (5)
A Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (3) um requerimento de convocação para que o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, esclareça as supostas ameaças às eleições de 2022.
No mês passado, reportagem do jornal O Estado de S. Paulo afirmou que o ministro mandou um recado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), no dia 8 de julho: se não houver voto impresso e auditável, não haverá eleições em 2022.
Leia também
Bolsonaro critica Bruno Covas, ex-prefeito de SP que morreu em maio: "Aquele que morreu"
Enem: o que explica menor número de inscritos na prova em mais de uma década
STF responde Bolsonaro sobre combate à Covid: 'uma mentira contada mil vezes não vira verdade'
Segundo o Estadão, o recado foi enviado por meio de um interlocutor. Quando Braga Netto transmitiu o “aviso”, ele estava acompanhado dos chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O ministro negou a declaração.
O requerimento para a convocação de Braga Netto, de autoria do deputado Rogério Correia (PT-MG), foi aprovado por 15 votos a 7 na comissão. O ministro deve comparecer ao colegiado no dia 17 de agosto.
Na justificativa para apresentação do pedido, o parlamentar afirmou que “a suposta ameaça, se confirmada, se constitui em grave crime praticado contra o sistema democrático”.
Voto impresso em 2022
De olho nas eleições de 2022, Bolsonaro e apoiadores vem defendendo fortemente uma suposta fragilidade no sistema de segurança das urnas eletrônicas. Por este motivo, mesmo sem apresentar provas, ele argumenta que as eleições sejam realizadas com o voto impresso — o que ele chama de "auditável".
Na semana passada, porém, em uma live na qual disse que apresentaria provas sobre uma suposta fraude da urna eletrônica nas eleições de 2014 e 2018, Bolsonaro admitiu não conseguir atestar suas declarações.
O presidente da República se contentou em mostrar vídeos antigos divulgados na internet com eleitores reclamando de problemas na hora de votar e um vídeo de um youtuber sobre suposta manipulação da urna eletrônica, que já foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Voto impresso discutido na Câmara
Na Câmara, a possibilidade da volta do voto impresso é discutida por uma comissão especial. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/9, de autoria do deputado Filipe Barros (PSL-PR), torna obrigatório voto impresso em eleições no Brasil.
Esse registro será uma espécie de cédula em papel, a ser depositada em recipiente indevassável, assegurada a conferência pelo eleitor, mas sem qualquer contato manual.
No último dia 16, após sucessivas quedas no sistema remoto e discussões entre os parlamentares, o presidente da comissão especial que analisa a proposta do voto impresso na Câmara, deputado Paulo Martins (PSC-PR), encerrou repentinamente a reunião do colegiado.
O parecer pode ser votado na próxima quinta-feira (5).