Como fintech de um produto só virou provedora de APIs mais promissora do mercado
Fintech fundada em 2016 atende cerca de 9 milhões de clientes;
Aporte mais recente foi de R$ 85 milhões;
Infraestrutura da empresa inclui APIs para habilitar transações de PIX, saques e outros serviços de pagamento.
Com uma bagagem de mais de 15 anos no mercado financeiro e formação acadêmica que une finanças à tecnologia, Marcelo França fundou a Celcoin, em 2016, quando tudo ainda era mato no mundo das fintechs. De lá pra cá, a prateleira da empresa, que tinha como único produto uma conta digital pré-paga, ganhou uma diversidade de soluções não apenas para atender clientes finais (que hoje somam mais de 9 milhões mensalmente), mas para servir o mercado com tecnologia financeira e bancária: a infraestrutura inclui APIs (interfaces de programação de aplicação) para habilitar transações de PIX, saques, transferências, débito automático, pagamento de contas, tributos, recargas de celular e gift cards.
“Com o tempo, nós percebemos uma demanda muito grande de fintechs, bancos digitais, bancos médios e empresas não financeiras querendo se conectar aos serviços que tínhamos construído. Então nós fizemos uma pivotagem e nos tornamos um provedor de infraestrutura para esses players”, revela França, que atualmente atende mais de 200 clientes com esse perfil.
Investimentos e Expansão
Além da aquisição da Flow e da Galax Pay, em 2022, que ampliou o portfólio da Celcoin no segmento de serviços de crédito e de cobrança para empresas que queiram oferecê-los a seus clientes finais, outras duas tendências do mercado que dependem de APIs colocam a fintech de Marcelo França como uma das mais promissoras da atualidade: a recente implementação do open banking no Brasil.
“O fato do dado passar a ser do usuário e não da instituição financeira faz com que ele possa usar as suas informações para conseguir condições melhores de crédito, ou ter acesso a gerenciador financeiro (...) E nós estamos vendo agora uma nova forma de se consumir serviços. (...) Eu acho que é uma onda que já está acontecendo e é bastante disruptiva”, afirma o executivo.
Para dar conta do ritmo de crescimento e atender de forma estruturada às agendas que o mercado está ditando, a Celcoin tem recebido volumosos aportes financeiros: em 2019, a fintech captou R$ 6 milhões (Vox Capital); em 2020, mais R$ 23 milhões (Vox Capital e boostLab/BTG Pactual); em 2021, R$ 55 milhões foram investidos (desta vez com participação da Sinqia). O porte mais recente, feito em abril de 2022 pela Innova Capital, superou todos os anteriores: R$ 85 milhões.
A expectativa de França, que revela que a Celcoin transacionou R$ 25 bilhões em 2021 (mais do que o dobro em relação a 2020), é de chegar ao fim de 2022 com um volume transacionado de R$ 45 bilhões.
Carreira no mercado financeiro
Marcelo França é formado em Tecnologia pela PUC-RJ, possui MBA em Finanças pela IBMEC-RJ e Doutorado em Inteligência Artificial pela PUC-RJ. O agora CEO e fundador da Celcoin teve passagens pelo Banco Bozano Simonsen, participou do lançamento da corretora Investshop.com, e atuou como CTO do Lemon Bank, primeiro banco brasileiro focado em correspondentes bancários, vendido para o Banco do Brasil em 2011.