Companheiro de grávida morta em Campos usou a digital dela, enquanto dormia, para desbloquear celular

O relacionamento entre o casal Letycia Peixoto Fonseca e Diogo Viola de Nadai era conturbado. Tia e amiga da vítima, Suellen da Silva, contou à polícia que, certa vez, aproveitou que a mulher estava dormindo para usar a digital dela e desbloquear o celular. Ele queria saber com quem Letycia conversava no telefone e, ao ver as mensagens da companheira com a tia falando da relação do casal, parou de falar com Suellen.Grávida de oito meses, Letycia foi assassinada há uma semana (02/03), com cinco tiros, na Rua Simeão Schremeth, no bairro Parque Aurora, em Campos dos Goytacazes, em seu carro.

Professor de química do Instituto Federal Fluminense (IFF), em Campos dos Goytacazes, Diogo Nadai é apontado pela Polícia Civil como um dos suspeitos de ser o mandante. O bebê de Letycia, cujo pai seria o professor, chegou a nascer, mas morreu um dia depois no hospital. A mãe de Letycia, que assistiu ao crime, também foi ferida na perna esquerda ao tentar alcançar o homem que atirou na filha.

Segundo o depoimento de Suellen na 134ª DP (Campos), responsável pela investigação, a sobrinha falava pouco sobre a relação com o companheiro por se sentir envergonhada com a situação de estar vivendo com um homem que ainda não havia se divorciado, embora ele garantisse ter se separado da esposa. Suellen conta que Letycia se queixava da "inconsistência do relacionamento".

O casal se conheceu há cerca de oito anos, quando Letycia estudou no Instituto Federal Fluminense, tendo Diogo como seu professor de química. Segundo a tia, nessa época, ele já era casado e mantinha os dois relacionamentos simultaneamente. Em 2019, o professor disse haver se separado, mas nunca teria permitido que a vítima conhecesse os pais dele. Os dois passaram a morar juntos desde então.

Diogo tinha como hábito deixá-la sozinha a pretexto de viajar, sem “dar satisfação de onde estava e com quem estava”, conforme diz Suellen à polícia. Ele “sumia por uma ou duas semanas e, às vezes, chegava de madrugada sem avisar”, conta a tia, confidente da sobrinha.

O depoimento de Suellen revela o perfil de Diogo aos olhos de Letycia: “ciumento, possessivo e controlador”. Segundo Letycia lhe contava, ele sempre a afastava das amigas e da própria, pois queria mantê-la numa “bolha”.

Por ser viciado em jogo, ela conta que ele passava o dia inteiro comendo e jogando pôquer no computador. Segundo ela, Letycia, inclusive, pagava dívidas de jogo dele. No fim de 2021 e verão de 2022, Letycia terminou o relacionamento com Diogo. Em seguida, namorou outra pessoa que, ao receber uma proposta de emprego, precisou se mudar para Portugal, mas a convidou para viverem juntos. O professor, ao tomar conhecimento do novo relacionamento dela, segundo a tia, passou a assediá-la e o casal retomou a relação.

Só que dessa vez, o Letycia passou a ser agredida por Diogo, segundo a tia. Suellen revela que a polícia chegou a ser chamada por vizinhos por conta das brigas do casal.

Ao ficar grávida, Letycia ficou radiante. No entanto, a mãe dela, Cintia Pessanha Fonseca, disse à polícia que desconfiou que o companheiro da filha não ficou muito entusiasmado com o nascimento da criança: “(ele) não gastou um centavo comprando roupa ou qualquer coisa para o filho, sendo tudo sustentado por Letycia”.