Comunidade asiática nos EUA denuncia violência racial após massacre de Atlanta
Comunidade asiática nos EUA denuncia violência racial após massacre de Atlanta
Gold Spa and Aromatherapy Spa em Atlanta, Geórgia, em 17 de março de 2021, um dia depois de várias pessoas terem morrido ali e em outro spa próximoA comunidade asiática no sudeste dos Estados Unidos denuncia o aumento da violência racista e crimes de ódio, enquanto atravessa a tristeza e consternação de um massacre em Atlanta e arredores que deixou oito mortos.
Flores foram colocadas ao pé dos spas onde Robert Aaron Long, um homem branco de 21 anos, abriu fogo na terça-feira e matou oito pessoas, a maioria mulheres asiáticas.
"A supremacia branca está literalmente nos matando", disse Stephanie Cho, diretora executiva da ONG Asian Americans Advancing Justice em Atlanta, na quarta-feira.
"A violência contra as comunidades asiáticas passou despercebida por muitos anos", acrescentou, rejeitando as declarações do agressor sobre um suposto vício em sexo para justificar o massacre.
Long, autor confesso dos tiroteios, foi acusado de homicídio após ser preso. Mas a polícia diz que ele nega qualquer motivo racista e se apresenta como um "viciado em sexo" ansioso para acabar com "uma tentação".
Apesar da dor e da consternação deixadas pelo massacre, Cho apela à "resiliência".
No Aromatherapy Spa, onde uma mulher morreu, as placas de "Aberto" e "Bem-vindo" ainda estavam acesas. E o Gold Spa, um prédio de tijolos do outro lado da rua onde três mulheres foram assassinadas, ainda anuncia serviços de banheira de hidromassagem e sauna, disponíveis sete dias por semana.
Foi em outro spa, o Young's Asian Massage, em um subúrbio de Atlanta, que quatro outras pessoas morreram e duas ficaram feridas em um tiroteio poucas horas antes.
- Covid-19, o "vírus da China" -
O gerente do estúdio de tatuagem Studio 219 Ink, Anthony Smith, disse à AFP que nos cinco anos que está na área, perto dos spas Gold e Aromatherapy, nunca tinha visto o tipo de violência que aconteceu no bairro.
O massacre aconteceu em um momento de extrema tensão para a comunidade americana de origem asiática. O número de ataques e crimes de ódio contra ela disparou desde o início da pandemia, de acordo com organizações que lutam contra o extremismo.
Os ativistas culpam, em parte, o ex-presidente republicano Donald Trump, que repetidamente se referiu ao coronavírus, registrado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan, como o "vírus da China".
"É um pouco assustador", disse Sam, um chinês de 20 anos que não quis revelar seu nome completo, à AFP em Atlanta, onde trabalha em uma lanchonete de sucos e vitaminas.
"Antes isso não me afetava muito, mas agora que eles têm como alvo os asiáticos, é assustador", disse ele. "Devemos tomar medidas de segurança, para nossa própria defesa".
Os residentes de origem asiática no estado da Geórgia - onde fica Atlanta - representam cerca de 4,1% da população, ou seja, cerca de 500 mil pessoas, em sua maioria coreanos ou descendentes de coreanos.
Para Sarah Park, presidente da Coalizão Coreano-Americana Metro Atlanta, o racismo envolvido nos ataques é evidente.
"Sim, é um crime de ódio contra os americanos de origem asiática", disse ela, criticando o que vê como a relutância das autoridades em processar a violência contra mulheres que trabalham por baixos salários e que muitas vezes falam pouco ou nenhum inglês.
“Temos o direito de proteger nossa comunidade e eles seriam protegidos se todos fizessem sua parte”, afirmou.
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