Copa do Mundo: Torneio de torcedores tem jogador profissional infiltrado e ex-goleiro da Copinha

O Catar goleou o Equador por 6 a 0; a Inglaterra sofreu, mas conseguiu a virada sobre o IrĂŁ por 2 a 1. NĂŁo, vocĂȘ nĂŁo leu errado. Todas essas seleçÔes realmente foram a campo, uniformizadas e com direito a hino nacional na apresentação. Mas no lugar de Harry Kane, Azmoun, Enner Valencia e Al Haydos torcedores representaram seus paĂ­ses no primeiro torneio do tipo organizado pela Fifa e o comitĂȘ organizador da Copa do Mundo.

SĂŁo os mesmos grupos e confrontos do Mundial, num campinho de society dentro do Fan Festival, em Al Bidda, no esquema cinco contra cinco, em dois tempos de oito minutos. A final, dia 2 de dezembro, terĂĄ dois tempos de 10 minutos cada.

É tempo suficiente para os peladeiros, muitos fora de forma e jĂĄ com idade avançada, sob o forte sol de Doha. Os dois jogos de estreia, por exemplo, aconteceram pouco depois das 14h. Muita ĂĄgua na beira de campo e substituiçÔes no intervalo.

VocĂȘ pode estar se perguntando: o placar elĂĄstico do Catar sobre o Equador, num paĂ­s com pouca tradição de futebol, Ă© normal? Em peladas de rua, placares como esse podem ser bem comuns. Basta ter em campo algum um jogador pouco mais talentoso para fazer a diferença. No caso dos donos da casa, a vantagem deles tem uma explicação bem simples: o camisa 9, Mohammed Albdah, que marcou trĂȘs gols, Ă© jogador profissional do Muaither, um clube da segunda divisĂŁo catari.

Ele tentou disfarçar que tenha feito tanta diferença. Apontou os outros jogadores do time que são torcedores comuns — alguns bem fora do condicionamento físico ideal para um jogo de futebol.

— O importante foram os trĂȘs pontos — disse, como um tĂ­pico jogador de futebol.

Os ingleses apostaram na juventude contra os cabelos brancos dos iranianos. Até saíram atrås do placar, mas, no segundo tempo, os jovens foram a campo e conseguiram a virada rapidamente.

Se o Catar tem um jogador profissional, o Brasil, que estreia na quarta-feira contra a Sérvia, joga suas esperanças num quase ex-jogador profissional: o goleiro Olimpio Jayme Netto, de 27 anos, que jogou na base do Vila Nova, de Goiås, e esteve presente em duas Copinhas.

— Parei em 2014, abandonei o contrato e tudo. Parei por opção. Tem que abrir mĂŁo de muita coisa para ser profissional, e estava abrindo mĂŁo dos estudos. Preferi estudar e me formei em administração — conta o capitĂŁo do Brasil, que tambĂ©m faz parte do Movimento Verde e Amarelo.

Com 10 jogadores, mĂ©dia de idade de 35 anos, a seleção brasileira de torcedores confia na boa forma de seus atletas para conquistar o trofĂ©u — tambĂ©m hĂĄ uma taça para o vencedor do torneio. O mĂ©dico paulista Fernando Pontes, de 42 anos, foi o responsĂĄvel por reunir o grupo que tem representantes de SĂŁo Paulo, GoiĂĄs e Estados Unidos. Inclusive, rolou um jogo amistoso de preparação contra os alemĂŁes: o Brasil venceu por 11 a 2, na revanche do 7 a 1.

— É sensacional poder jogar bola e torcer pelo Brasil ao mesmo tempo. Vamos poder representar o Brasil num torneio oficial — conta Fernando, que estĂĄ em seu terceiro Mundial e Ă© um dos lĂ­deres dos fĂŁs escolhidos pela organização da Copa do Mundo para divulgar o evento.

Na festa prĂ©-jogo, houve a apresentação de todas as seleçÔes recebidas por embaixadores da Fifa, como Cafu, o espanhol Xavi Hernandez, o camaronĂȘs Samuel Eto’o e o holandĂȘs Ronald de Boer. Enquanto nĂŁo fazem "histĂłria" no Catar, os jogadores-torcedores aproveitaram para tietar os verdadeiros craques.