Corpos de mulher e crianças mortos no Recreio são enterrados

Os corpos de Andréa Cabral Pinheiro, de 37 anos, da Maria Eduarda Fernandes Affonso da Silva, de 12 anos, e do pequeno Matheus Alexander Cabral Pinheiro da Silva, de apenas 11 meses, foram enterrados, na tarde deste sábado, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Oeste do Rio. As vítimas foram encontradas na madrugada de sexta-feira, em um edifício no Recreio dos Bandeirantes. Andréia e a enteada tinham marcas de tiro, enquanto Matheus foi asfixiado.

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O principal suspeito do crime é Alexander da Silva, de 49 anos, marido e pai das crianças. Na sexta-feira, ao ser preso em flagrante, ele negou que tenha matado Andréa, Maria Eduarda e Matheus Alexander. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Na perícia, foi constatado que as vítimas foram dopadas com melatonina, uma substância que tem como finalidade provocar sono. Ele também não teria demonstrado arrependimento.

Durante o cortejo, três coroas de flores, brancas e amarelas, adornaram os caixões. A despedida veio em forma de orações e aplausos. Apesar disso, as palavras de saudade carregavam mais do que dor: mostravam também indignação.

— As pessoas ficam se perguntando porque que a Andréa aturou esse relacionamento, mas sabemos que ela continuou casada porque esperava a enteada (Maria Eduarda) completar a idade de poder falar ao juiz no processo que o avô dela movia por sua guarda. Ela fez isso para protegê-la, porque queria deixar a menina em segurança com o avô e tinha medo que o agressor (Alexander) a maltratasse — disse o professor William Araújo, 43 anos, primo de Andréa.

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— Ela dizia sempre ’não vou abandonar a minha filha’, se referindo a Maria Eduarda, que na verdade era sua enteada. A Andréa voltou para o Alexander porque ele fazia chantagem, dizendo que, se fosse embora, não deixaria as duas se verem. Elas morreram abraçadas — contou o irmão de Andréa, o técnico de manutenção Jose Carlos Cabral Pinheiro, de 35 anos.

— O que a gente podia fazer no condomínio, a gente fez. Quem tinha que ter feito mesmo era a Justiça, não a gente que tinha que fazer o trabalho dela. A Justiça falhou duas vezes nisso: na primeira vez, em 2009, quando ele matou uma mulher e até hoje não teve julgamento; e a segunda vez, por não ter dado a guarda para o avô que lutou tanto e tinha condições financeiras muito melhores para prover a Maria Eduarda – relatou a síndica do prédio Ana Paula Cardoso, de 41 anos.

No sepultamento, também estava presente uma prima da professora Tatiana Rosa de França, de 27 anos, cujo corpo foi encontrado morto em uma área de matagal, também no Recreio dos Bandeirantes, em julho de 2009. Na ocasião, um inquérito da 16ª DP (Barra da Tijuca) indiciou Alexander pelo homicídio qualificado. Até agora, no entanto, ele não foi julgado pelo crime.

— São três famílias enlutadas. Vivenciamos a morte da minha prima nesses 14 anos. O seu Eduardo, pai da primeira esposa [mãe da Maria Eduarda], esteve junto com a gente incansavelmente. Na sexta-feira, chorei muito, fiquei muito mal, uma sensação de impotência – declarou.

* Estagiária com a supervisão de Paolla Serra