Covid-19: São Paulo tem mais uma vítima de 22 anos por falta de leitos de UTI

Beatriz tinha 22 anos e morava em Fernandópolis, interior de São Paulo; Renan, também com 22 anos, era morador de São Matheus, periferia na Zona Leste da capital (Foto: Reprodução/Redes sociais)
Beatriz tinha 22 anos e morava em Fernandópolis, interior de São Paulo; Renan, também com 22 anos, era morador de São Matheus, periferia na Zona Leste da capital (Foto: Reprodução/Redes sociais)
  • Beatriz Janaína Ribeiro, de 22 anos, morreu em decorrência da Covid-19 após horas sem um leito de UTI

  • Na semana passada, Renan Cardoso, também de 22 anos, foi a primeira morte à espera de uma vaga de UTI na capital

  • Nesta segunda-feira (22), a ocupação média de UTIs chegou a 91,9% no estado de São Paulo

Beatriz Janaína Ribeiro, de 22 anos, morreu nesta segunda-feira (22) em Fernandópolis, interior de São Paulo, em decorrência da Covid-19 após esperar por um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Com a morte, o estado registra ao menos dois óbitos de jovens por falta de vagas.

No último dia 13, Renan Cardoso, também de 22 anos, faleceu dois dias após dar entrada em estado grave na UPA de São Matheus, na Zona Leste da capital paulista. "Não deu tempo por falta de socorro. Por falta de oxigênio, o meu filho não está aqui", disse mãe do rapaz à TV Globo.

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Segundo o UOL, Bia, como a jovem era conhecida, teve uma parada cardíaca no momento em que a equipe médica retirava a intubação da jovem.

Ela ficou internada em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e esteve por horas na fila de espera por uma vaga de UTI com a saturação de oxigênio muito abaixo do indicado.

Ao ser internada no leito de UTI equipado para pacientes com a Covid-19 da Santa Casa de Fernandópolis, ela foi intubada e chegou a apresentar melhoras. Por este motivo, a equipe optou por retirar a sedação para iniciar o procedimento de desintubação, mas ela teve parada cardíaca e acabou morrendo.

Renan Ribeiro Cardoso esperou por 46 horas

Renan Ribeiro Cardoso esperou 46 horas por uma vaga num leito de UTI e acabou sendo vítima do colapso do sistema de saúde que atinge em cheio a maior cidade do país. Também se tronou a primeira pessoa com Covid-19 a morrer na fila de espera por uma UTI na cidade de São Paulo.

O óbito foi registrado no dia 13, mas só foi tornado público nesta quinta-feira (18) pelo prefeito Bruno Covas (PSDB). "Não dá mais para a gente ter um jovem de 22 anos que vem a óbito em 46 horas por não conseguir um leito de UTI na cidade de São Paulo", disse Covas em coletiva à imprensa.

Unconscious and intubated Covid-19 patients are treated in Vila Penteado Hospital's ICU, in the Brasilandia neighborhood of Sao Paulo, on June 21, 2020. According ta a study published in June 21st, Brazil's public hospitals, like Vila Penteado, had almost 40% death rates from the new coronavirus, the double from private hospitals. Brasilandia is one of the neighborhhods in Sao Paulo with highest number of deaths from Covid-19 (Photo by Gustavo Basso/NurPhoto via Getty Images)
Até esta quarta-feira (17), 395 pessoas aguardavam vaga numa UTI na cidade de São Paulo, cuja taxa de ocupação de leitos atingiu 88% para pacientes com Covid-19 (Foto: Gustavo Basso/NurPhoto via Getty Images)

Até esta quarta-feira (17), 395 pessoas aguardavam vaga numa UTI na cidade de São Paulo, cuja taxa de ocupação de leitos atingiu 88% para pacientes com Covid-19.

De acordo com o G1, Renan chegou à unidade de Pronto Atendimento de São Mateus, na Zona Leste da capital paulista, em estado grave e foi atendido. Segundo a prefeitura, foi feito um pedido de leito no Sistema Cross, que regula vagas do SUS no estado, mas não foi disponibilizado a tempo.

Leitos de UTI lotados

Nesta segunda-feira (22), a ocupação média de UTIs chegou a 91,9% no estado de São Paulo. No final de maio do ano passado, o momento que era considerado o mais grade da pandemia, a taxa ficou em 77,2%.

Na Região Metropolitana da capital, o índice foi a 91,6%, muito próximo dos 92,2% de ocupação da fase mais crítica no estado até então, em maio do ano passado, quando a região contabilizou 92,2% dos leitos cheios.

São 29.039 pessoas em leitos de UTI Covid-19 até esta segunda-feira (22). O número é mais do que o dobro de um mês atrás, quando eram 13.606 em no dia 22 de fevereiro. Do total pacientes internados, 16.871 estão em enfermaria e 12.168 em UTIs.

Recorde de mortes em SP

O estado de São Paulo registrou 1.021 novas mortes em decorrência da Covid-19, nesta terça-feira (23), de acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde. A marca é o novo recorde de óbitos em 24 horas desde o início da pandemia.

Na semana passada, o então recorde era de 679 mortes em um dia, representando na ocasião um óbito a cada dois minutos nas últimas 24h.

Com as novas mortes, agora, apenas o estado de São Paulo totaliza 68.623 óbitos causados pelo coronavírus e mais de 2.332.043 de pessoas infectadas pela doença.