Covid-19: Secretarias dizem que governo voltou atrás em decisão que provocou queda artificial no número de mortos
Secretarias informaram que governo retirou exigências que havia feito para sistema Sivep Gripe
Dados como CPF, número nacional do SUS e nacionalidade do paciente haviam burocratizado sistema e reduzido número de mortes registradas
A decisão veio após a repercussão negativa desta burocratização, que gerou críticas até do governo de São Paulo
Representantes do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) revelaram nesta quarta-feira à tarde que o governo federal voltou atrás nas mudanças das fichas que registram as mortes e casos de Covid-19 no Brasil. A informação é do G1.
Após a repercussão negativa, que gerou críticas até do Governo de São Paulo, o Ministério da Saúde decidiu “desburocratizar” novamente o sistema, retirando a exigência de dados como CPF, número do cartão nacional do SUS (CNS) e a nacionalidade de pacientes no sistema Sivep Gripe — que contabiliza o número de mortes suspeitas pela Covid-19 .
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Com a exigência destas informações, o registro no número de mortes pelo coronavírus sofreu uma queda brusca nesta quarta-feira. Em São Paulo, por exemplo, foram 281 óbitos, número bem inferior aos 1.021 da última terça-feira, quando o estado bateu seu recorde em toda a pandemia.
A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo chegou a enviar um ofício para o Ministério da Saúde questionando a burocratização do sistema. O movimento também havia sido alvo de críticas do presidente da Conass, Carlos Lula.
"Essa mudança no sistema Sivep Gripe pelo Ministério da Saúde com incremento de registros burocratizou a informação para os municípios. Burocratizar sem avisar fez com que não tivéssemos aportado por grande parte os municípios o número real de óbitos", chegou a dizer o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn.
Número de mortos da pandemia poderá mais do que dobrar
O número de mortos da pandemia poderá mais do que dobrar no segundo semestre no Brasil, se a vacinação continuar no ritmo atual. No entanto, se 50% da população brasileira for vacinada contra Covid-19 até junho, 150 mil mortes poderão ser evitadas, assim como uma terceira onda.
Os dados são de uma projeção realizada por meio de um modelo matemático, testado com sucesso na primeira onda em São Paulo e que teve a metodologia publicada na revista Nature Communications, com ampla repercussão.
Desenvolvido pelo grupo do matemático Osmar Pinto Neto, da Universidade Anhembi Morumbi, em São José dos Campos, o modelo projeta cenários de como a pandemia vai evoluir nos próximos meses no país. Ele leva em conta tanto a propagação da variante P1 do Sars-CoV-2, considerada mais transmissível, quanto a vacinação.