CPI aprova convocação de Ernesto Araújo e Fabio Wajngarten

CPI da Covid aprovou convocação de ministros e ex-ministros do governo de Jair Bolsonaro
Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, deve depor na terça-feira (11)
Representante da Pfizer também será ouvido pela CPI para falar sobre oferta de vacinas ao governo brasileiro
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado aprovou nesta quarta-feira (5) a convocação de ex-ministros do governo de Jair Bolsonaro e representantes do Instituto Butantan e da Fiocruz e representantes de farmacêuticas.
Confira os requerimentos de convocação aprovados hoje:
Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores (13/05)
Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência da República (11/05)
Nísia Trindade, presidente da Fiocruz (12/05)
Marta Díez e Carlos Murilo, representantes da farmacêutica Pfizer (11/05)
Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan (12/05)
Fernando de Castro Marques, presidente da União Química Farmacêutica (13/05)
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Em entrevista à revista "Veja", o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten creditou o atraso do governo na aquisição de vacinas à "incompetência" e "ineficiência" do Ministério da Saúde, à época comandado pelo general Eduardo Pazuello.
Já os demais convocados serão questionados principalmente sobre a negociação e aquisição de vacinas contra a covid-19.
A Pfizer, em agosto do ano passado, ofereceu ao governo brasileiro 70 milhões de doses da vacina com previsão de entrega ainda em dezembro daquele ano. A oferta, porém, foi recusada.
O atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o presidente da Anvisa, Anderson Barra Torres, vão depor amanhã, às 10h e às 14h, respectivamente.
A CPI remarcou o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello para o dia 19. Ele comunicou à CPI que não pode comparecer presencialmente ao seu depoimento, marcado para esta quarta-feira (5). Ele alegou que teve contato com pessoas com suspeita de covid.
Pressão pelo uso de cloroquina
O ex-ministro da Saúde Nelson Teich depôs nesta quarta-feira (5) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, que apura a condução do governo federal na pandemia do coronavírus.
Teich afirmou que sua saída do ministério deveu-se à pressão sobre o uso da cloroquina e à falta de autonomia para fazer o trabalho necessário. “Sem liberdade para atuar segundo minhas convicções”, disse.
Segundo o ex-ministro, o pedido de demissão ocorreu justamente pelo pedido de ampliação do uso do medicamento contra a covid-19. Nelson Teich disse que havia uma preocupação do "uso indevido" de medicamentos, não apenas da cloroquina.
“[A cloroquina] é um medicamento que tem efeitos colaterais. Essencialmente era a preocupação do uso indevido. Isso vale nao para a cloroquina, mas para qualquer medicamento”, afirmou.
No entanto, Teich declarou que nenhuma orientação para a distribuição de cloroquina passou pelo Ministério da Saúde durante sua gestão e que não soube da produção do medicamento pelo Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército.
"Não sabia da produção da cloroquina pelo Exército, não fui consultado", afirmou Teich.
Questionado sobre o desempenho do general Eduardo Pazuello, secretário-executivo da pasta na época em que Teich era ministro, ele afirmou que o militar auxiliou nas demandas relacionadas à logística.
Ele ainda afirmou que prescrever nebulização com cloroquina é "totalmente errado".
Depoimento de Mandetta revela que Bolsonaro tinha "aconselhamento paralelo"
O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que o presidente Jair Bolsonaro tinha "aconselhamento paralelo" para a tomada de decisões na pandemia do coronavírus. Ele esteve, nesta terça-feira (4), na CPI.
"Participei de inúmeras reuniões nas quais o filho do presidente, que é vereador no Rio, estava presente tomando notas", disse Mandetta.
"A imunidade de rebanho, sem comprovação científica, é possivelmente uma das teorias defendidas pela assessoria paralela de Bolsonaro", afirmou.
Mandetta contou também que viu uma minuta de documento da Presidência da República para que a cloroquina tivesse na bula a indicação para covid-19. De acordo com Mandetta, o próprio diretor-geral da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discordou dessa medida. Em contrapartida, o ministro "Jorge Ramos" minimizou a questão, dizendo que era apenas uma sugestão.
Na época, o Planalto não tinha um ministro com esse nome, mas um chamado Jorge Oliveira, na Secretaria-Geral, e outro Luiz Eduardo Ramos, na Secretaria de Governo.
"Mas é uma sugestão de alguém. Alguém se deu ao trabalho de colocar aquilo em formato de decreto", disse Mandetta.