Na CPI da Covid, Wajngarten confirma que carta da Pfizer ficou dois meses sem resposta do governo Bolsonaro
Fabio Wajngarten confirmou que carta de laboratório ficou meses sem resposta por parte do governo brasileiro
Ex-secretário disse que, quando soube da falta de resposta, agiu prontamente
Wajngarten mudou versão dada em entrevista recente à Revista Veja
Em depoimento à CPI da Covid-19, o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten confirmou que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) deixou uma carta enviada pela empresa Pfizer sem resposta por dois meses.
De acordo com o ex-chefe da Secom, a carta foi enviada no dia 12 de setembro de 2020. O ex-secretário afirmou que não houve resposta até 9 de novembro do mesmo ano.
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Em sua fala, Wajngarten afirmou que o documento foi enviado a Bolsonaro, ao seu gabinete, ao ministro Paulo Guedes e ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Questionado sobre como agiu, Wajngarten disse ter respondido a carta em novembro e afirmou ter recebido no mesmo dia um telefonema do então presidente da Pfizer, Carlos Murillo.
O ex-secretário afirmou que entrou nas discussões a respeito da aquisição de vacinas, a pedido do dono de um veículo de comunicação. No entanto, posteriormente, Wajngarten afirmou que nunca participou das discussões.
Wajngarten afirmou que a proposta inicial da empresa abordava inicialmente "irrisórias" 500 mil doses de vacinas, mudando uma versão anteriormente alegada em uma entrevista recente.
Ex-chefe da Secom muda versão
Em depoimento na CPI da Covid no Senado, o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten mudou a versão dada em entrevista à revista Veja. Nesta quarta-feira (12), ele negou que tenha participado de negociações para a compra de vacinas da Pfizer.
"Em nenhum momento a Secom (Secretaria de Comunicação) negociou valores, negociou condições contratuais", disse Wajngarten, ao ser questionado por Renan Calheiros.
Por outro lado, ele afirmou ter condições técnicas de fazer a negociação. "Primeiro porque minha formação é jurídica, segundo porque tenho experiência na negociação de contratos internacionais", declarou.
A fala de Wajngarten na CPI contraria o que ele disse em entrevista à revista Veja. À publicação, o ex-secretário afirmou: "Me coloquei à disposição para negociar com a empresa, antevendo o que estava para acontecer: o presidente seria atacado e responsabilizado pelas mortes. A vacina da Pfizer era a mais promissora, com altos índices de eficácia, segundo os estudos".
Em abril, ele ainda revelou que as negociações avançaram. Na CPI, a postura foi diferente. "Não participei de negociação propriamente dita, eu quis encurtar e aproximar pontas, diante de uma carta que não foi respondida. E a comunicação sofria com isso, diante dos questionamentos que recebíamos", afirmou nesta quarta-feira.
Wajngarten ainda negou que a Pfizer tenha oferecido 70 milhões de doses da vacina contra a covid-19. O ex-Secom falou em um número "irrisório" de 500 mil doses do imunizante. "Isso foi objeto de grande discussão minha com a Pfizer, porque eu sempre busquei mais vacina no menor prazo", disse Wajngarten.