CPI da Covid: cloroquina volta à pauta com Queiroga e nova discussão acontece
Em depoimento à CPI da Covid no Senado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, evitou ao máximo responder diretamente se é favorável ou não ao uso da cloroquina contra a Covid-19, medicamento comprovadamente ineficaz no combate à doença.
Pressionado por diversas vezes pelos senadores, na manhã desta quinta-feira (6), Queiroga fugiu do embate e alegou "questão técnica" para não responder se compartilha ou não com "a opinião do presidente sobre a cloroquina".
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A evasão na resposta virou motivo de discussão entre os parlamentares da Mesa Diretora e da base de apoio do governo de Jair Bolsonaro.
Após dizer que não recebeu orientação expressa ou velada do presidente para uso da cloroquina como "tratamento precoce", o ministro foi perguntado pelo relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), se compartilhava da opinião de Bolsonaro sobre a suposta eficácia do medicamento contra a Covid.
"Senador, essa é uma questão técnica e que tem que ser enfrentada pela Conitec...", disse Queiroga, sendo interrompido por Calheiros: "Eu perguntei ao senhor. A Conitec virá na sequência", argumento o relator.
Ao ser nomeado por Bolsonaro, em março deste ano, o ministro da Saúde pediu que a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia no SUS) analisasse as evidências científicas existentes com relação ao uso de medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina e outros.
A intenção é que o órgão elabore um protocolo autorizando ou não a utilização de tais remédios contra a Covid-19. Até agora, não há uma conclusão sobre o pedido.
"Ministro Queiroga, acho que o senhor não entendeu sua posição aqui. O senhor é testemunha, tem que dizer 'sim' ou 'não'. Agora dizer que vai dizer que não pode falar porque não sei o que...O senhor está aqui como ministro da Saúde, e como médico. Eu peço para vossa excelência responder, se não vamos encerrar a sessão agora e não vou nem continuar", interpelou o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI.
Novamente questionado, o ministro fugiu da resposta e ouviu de Calheiros: "Então, não compartilha? Então, tecnicamente, o senhor não compartilha".
Linha de frente do Planalto na CPI, o senador Marco Rogério (DEM-RO) saiu em defesa de Queiroga. "A resposta é do depoente, senador. Não cabe construir a resposta do depoente". Em seguida, Rogério alegou que Calheiros tentava "induzir" a resposta do ministro.
"Não, senhor. Não, senhor. Até minha filha de 12 anos falaria 'sim' ou 'não'", interveio Aziz.
Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AM) classificou as falas de Rogério como "clara tentativa de obstrução".
A discussão só chegou ao fim após os parlamentares divergirem sobre as conclusões da ciência a respeito da cloroquina.
"Presidente, eu vou passar para a pergunta seguinte porque confesso que não conseguimos a resposta com relação a essa", finalizou Calheiros.