CPI da Covid ouve na próxima semana secretária do Ministério da Saúde chamada de Capitã Cloroquina
CPI da Covid ouve na próxima semana secretária do Ministério da Saúde conhecida como Capitã Cloroquina
Mayra Pinheiro, que defende a cloroquina no tratamento da covid, terá que explicar TrateCov
Senadores votam na próxima semana pedidos de novas convocações, e Pazuello deve voltar à CPI após emails da Pfizer
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado ouve na próxima terça-feira (25) a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. Conhecida como “Capitã Cloroquina”, ela foi a responsável pelo planejamento de uma comitiva de médicos que difundiu o uso de medicamentos sem eficácia comprovada contra o novo coronavírus em Manaus dias antes de o sistema de saúde do Amazonas entrar em colapso, em janeiro último.
A secretária já confirmou, em depoimento dado ao Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas, que o Ministério da Saúde incentivou o uso da cloroquina nas visitas de médicos voluntários em Manaus. A viagem aconteceu em janeiro, pouco antes da crise de oxigênio na capital amazonense.
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Mayra Pinheiro tentou repetir a estratégia do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para ter o direito de ficar em silêncio durante o depoimento à CPI da Covid no Senado. Mas o pedido foi negado pelo ministro Ricardo Lewandowski.
A secretária, que é médica, também terá de dar explicações sobre uma plataforma desenvolvida pelo Ministério da Saúde, o TrateCov, recomendando o uso de cloroquina no combate à covid-19.
Em depoimento à CPI, o ex-ministro Eduardo Pazuello afirmou que a ideia partiu de Mayra Pinheiro, mas o programa nunca chegou a ser lançado oficialmente, pois fora “roubado” e “hackeado” enquanto ainda estava em fase de desenvolvimento.
"Essa plataforma não foi distribuída aos médicos. Foi copiada por um cidadão, que fez a divulgação com usos indevidos. Quando soubemos determinei que fosse retirada do ar e que fosse aberto um processo para descobrir onde estavam os erros disso", explicou o general aos senadores.
A explicação do ex-ministro não convenceu os senadores. Eles lembraram que sistema chegou a ser lançado e divulgado em meios de comunicação do governo federal.
Inicialmente, a oitiva da secretária estava marcado para o dia 20, mas foi adiado devido à sessão de Pazuello, que se estendeu por dois dias.
Agenda da CPI na próxima semana
Na quarta-feira (26), os senadores vão votar, a princípio, 27 requerimentos, como o pedido de quebra de sigilos telefônico, fiscal, bancário e telemático de Eduardo Pazuello apresentado pelo vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
O requerimento tem como base denúncias veiculadas na terça-feira (18) pelo Jornal Nacional sobre a contratação de empresas para reforma de galpões do Ministério da Saúde sob o pretexto da emergência da pandemia da covid-19.
A reconvocação de Eduardo Pazuello também deve ser votada na quarta. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) vai apresentar requerimento pedindo novamente o depoimento do ex-ministro após emails enviados pela Pfizer à comissão comprovarem a omissão do governo nas tratativas para comprar vacinas contra a covid-19.
A CPI da Covid recebeu uma série de e-mails enviados pela Pfizer que comprovam quanto a empresa insistiu para negociar com o governo brasileiro. Tratam-se de, pelo menos, 10 emails, enviados entre 14 de agosto e 12 de setembro – data em que o presidente mundial da Pfizer enviou uma carta endereçada ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Apesar das tentativas, a empresa não recebeu respostas conclusivas do Ministério da Saúde.
Compra de vacinas
Na quinta-feira (27), será a vez do ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Antônio Elcio Franco. Braço-direito de Pazuello, ele será questionado, principalmente, sobre as negociações com a Pfizer para a compra de vacinas contra a covid-19.
Em seu depoimento à CPI, o ex-CEO da Pfizer no Brasil Carlos Murillo afirmou que as tratativas eram realizadas com Elcio Franco. A empresa ofereceu entregar 1,5 milhão de doses da vacina ainda em 2020, mas não obteve resposta.
Depoimentos já aprovados sem data marcada
Nísia Trindade, presidente da Fiocruz
Dimas Covas, presidente do Instituto Butantan
Fernando de Castro Marques, presidente da União Química Farmacêutica
Nise Yamaguchi, médica defensora da cloroquina
Ricardo Zimmermann, médico defensor da cloroquina
Francisco Cardoso Alves, médico defensor da cloroquina
Flávio Cadegiani, médico defensor da cloroquina
Jurema Werneck, médica que coordena o Movimento Alerta, que consolida dados sobre a pandemia no Brasil