CPI da Covid: Revista Veja divulga áudio em que Wajngarten diz que houve "incompetência" na gestão da pandemia
Revista Veja divulgou áudio em que Fabio Wajngarten declara que houve "incompetência" na gestão da pandemia
Em depoimento à CPI da Covid, ex-secretário mudou versão dada em entrevista recente à Revista Veja
Wajngarten, em sua fala, negou ter criticado negociações do governo para a compra de vacinas contra covid-19
A revista Veja divulgou o áudio em que o ex-secretário de comunicação do governo Bolsonaro Fabio Wajngarten declara que houve "incompetência" na gestão da pandemia da covid-19 no país. Em sua fala na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, nesta quarta-feira (12), o ex-chefe da Secom negou ter dado as declarações com críticas à gestão do ministro Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde durante as negociações para a compra de vacinas contra a covid-19.
Ao ser questionado pelo repórter se foi "negligência ou incompetência" o atraso na aquisição de vacinas , Wajngarten declara: "Foi incompetência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando a negociação e tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é sete a um".
Leia também
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) perguntou a Wajnngarten: "O senhor mentiu à Veja ou à CPI?" "Melhor que tenha sido à revista, porque na CPI dá cadeia", disse.
O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), solicitou à revista Veja o aúdio da entrevista concedida pelo ex-chefe da Secom e ameaçou Wajngarten de prisão, caso as respostas dadas à revista se provem contrárias às que cedeu à Comissão.
Wajngarten muda versão da entrevista
Nesta quarta-feira (12), ele negou que tenha participado de negociações para a compra de vacinas da Pfizer.
"Em nenhum momento a Secom (Secretaria de Comunicação) negociou valores, negociou condições contratuais", disse Wajngarten, ao ser questionado por Renan Calheiros.
Por outro lado, ele afirmou ter condições técnicas de fazer a negociação. "Primeiro porque minha formação é jurídica, segundo porque tenho experiência na negociação de contratos internacionais", declarou.
A fala de Wajngarten na CPI contraria o que ele disse em entrevista à revista Veja. À publicação, o ex-secretário afirmou: "Me coloquei à disposição para negociar com a empresa, antevendo o que estava para acontecer: o presidente seria atacado e responsabilizado pelas mortes. A vacina da Pfizer era a mais promissora, com altos índices de eficácia, segundo os estudos".
Em abril, ele ainda revelou que as negociações avançaram. Na CPI, a postura foi diferente. "Não participei de negociação propriamente dita, eu quis encurtar e aproximar pontas, diante de uma carta que não foi respondida. E a comunicação sofria com isso, diante dos questionamentos que recebíamos", afirmou nesta quarta-feira.
Wajngarten ainda negou que a Pfizer tenha oferecido 70 milhões de doses da vacina contra a covid-19. O ex-Secom falou em um número "irrisório" de 500 mil doses do imunizante. "Isso foi objeto de grande discussão minha com a Pfizer, porque eu sempre busquei mais vacina no menor prazo", disse Wajngarten.