CPI da Covid: Teich diz que nebulização de cloroquina é 'completamente errado'
Ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmou que prescrever nebulização com cloroquina é "totalmente errado"
Ele depõe nesta quarta na CPI da Covid no Senado
Mesmo pressionado, Teich evitou chamar a prática de "crime"
O ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmou que prescrever nebulização com cloroquina é "totalmente errado". Ele depõe nesta quarta-feira (5) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado.
Pressionado pelo presidente da comissão, senador Omar Azis (PSD-AM) a responder se a prática configuraria crime, Teich alegou não ter conhecimento jurídico para assegurar que seria um crime.
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"É uma questão de competência, não é crime, não iria por esse caminho".
"Totalmente errado".
Teich também afirmou que o Conselho Federal de Medicina (CFM) teve "postura inadequada" por indicar cloroquina.
Senadores governistas aproveitam a CPI para defender medicamentos do kit covid, comprovadamente ineficazes no tratamento à covid-19.
O senador Otto Alencar, que é médico, criticou esses parlamentares bolsonaristas.
"Os caras não se formaram em medicina, não ficaram no banco, não fizeram residência, não estudaram nem química, nada disso. E receitam assim na maior".
Pressão pelo uso de cloroquina
Mais cedo, Teich afirmou que sua saída do ministério deveu-se à pressão sobre o uso da cloroquina e à falta de autonomia para fazer o trabalho necessário. “Sem liberdade para atuar segundo minhas convicções”, disse.
Segundo o ex-ministro, o pedido de demissão ocorreu justamente pelo pedido de ampliação do uso do medicamento contra a covid-19. Nelson Teich disse que havia uma preocupação do "uso indevido" de medicamentos, não apenas da cloroquina.
“[A cloroquina] é um medicamento que tem efeitos colaterais. Essencialmente era a preocupação do uso indevido. Isso vale nao para a cloroquina, mas para qualquer medicamento”, afirmou.
No entanto, Teich declarou que nenhuma orientação para a distribuição de cloroquina passou pelo Ministério da Saúde durante sua gestão e que não soube da produção do medicamento pelo Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército.
"Não sabia da produção da cloroquina pelo Exército, não fui consultado", afirmou Teich.
Questionado sobre o desempenho do general Eduardo Pazuello, secretário-executivo da pasta na época em que Teich era ministro, ele afirmou que o militar auxiliou nas demandas relacionadas à logística.